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Uma dissertação de mestrado na área de clínica cirúrgi­­ca teve de ser reapresentada depois de quatro anos na Universidade Federal do Pa­­raná (UFPR). Uma acusação de fraude fez com que o trabalho precisasse ser alterado e passasse novamente pela mesma banca de 2008, que concedeu o título de mestre ao médico A. C.

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A acusação foi feita pela empresa Thermotronics, que presta serviço de tomografia. O dono, o engenheiro Mário Cimbalista Júnior, disse que emprestou o espaço da empresa para que estudantes fizessem testes com anestésicos em ratos em 2003, a pedido de um ex-sócio, o médico Marcos Leal Brioschi, que era um dos orientadores de A. C.. "Ano passado um cliente solicitou um trabalho acadêmico e fui procurar em uma base de dados, a Scielo. Então me deparei com a dissertação de A. C. e vi que ele usava as imagens de infravermelho feitas na minha empresa, porém dizia que eram da UFPR e que teriam sido feitas em 2007."

Segundo Cimbalista, o trabalho apresentava outros erros, como nomes incorretos do equipamento utilizado e do tipo de radiação. Ele então fez uma denúncia à UFPR, que montou uma comissão formada por cinco pesquisadores para averiguar a veracidade dos fatos. "Eles constataram que não havia erros técnicos no trabalho, mas apenas as imagens da Thermotronics estavam lá sem autorização. Então pedimos que as retirassem da dissertação e que o trabalho passasse pela mesma banca novamente", explica o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFPR, Sérgio Scheer.

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Sem alterações

O professor responsável pela comissão, o coordenador da pós-graduação em Clínica Cirúrgica da UFPR Antonio Carlos Ligocki Campos, expli­­ca que a dissertação foi investigada por profissionais que constataram que os dados da pesquisa eram os mesmos de 2007 e não de 2003, como disse Cimbalista, e que todos os outros critérios de pesquisa científica estavam dentro do padrão e, portanto, o resultado era válido. "As imagens de infravermelho que A. C. usou no trabalho eram ruins e por isso ele usou as da Thermotronics como ilustração. Mas como o dono não gostou por não ter sido comunicado, achamos justo que ele as tirasse e reapresentasse o trabalho. Nada mais foi alterado".

A. C. foi procurado pela reportagem e prometeu se manifestar por e-mail, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.

A reportagem foi atualizada em 12 de agosto de 2024 para a substituição do nome do autor da dissertação por suas iniciais. Ele foi absolvido nos processos que analisaram as acusações de plágio.