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Sanguessugas

Acusações provocam racha

Cuiabá – Rachou o grupo que planejava acusar José Serra (PSDB) de participação no esquema dos sanguessugas. Luiz Antônio Vedoin e Valdebran Padilha, protagonistas da trama, agora trocam acusações sem fim. Um joga para o outro a responsabilidade pelo dossiê contra o tucano – na verdade um amontoado de fotografias, uma fita de vídeo e um DVD sem importância para as investigações da Polícia Federal.

O ponto culminante da divisão foi o depoimento de Vedoin à PF na noite de quinta-feira (21). O dono da Planam, carro-chefe da máfia das ambulâncias superfaturadas, declarou ao delegado Diógenes Curado que a idéia do dossiê partiu de Valdebran, empreiteiro de obras filiado ao PT e arrecadador de campanhas do partido em Cuiabá.

Vedoin afirmou que Valdebran lhe deve R$ 780 mil. Quando foi capturado pela PF, sob acusação de liderar os sanguessugas, Vedoin pediu ao petista que o visitasse na cela da Polinter de Mato Grosso e aproveitou para cobrar a dívida. "Valdebran disse que não tinha o dinheiro, mas sugeriu que eu arrumasse fotos do Serra numa solenidade de entrega de ambulâncias", contou Vedoin.

A solenidade ocorreu, de fato, em maio de 2001, quando o então ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso veio a Cuiabá e participou da festa de entrega de 41 ambulâncias, 75 borrifadores de inseticida, 150 bicicletas e 40 motos para 38 municípios mato-grossenses. Na ocasião, deputados sanguessugas prestigiaram o evento.

"Eu sabia que o Valdebran é filiado ao PT, mas não tinha idéia do que pretendia fazer com o material", disse Vedoin. "Não há indícios de envolvimento de Serra com a máfia."

"Essa história de dívida é uma grande mentira", rebateu Valdebran Padilha, por meio de seu advogado, o criminalista Luiz Antônio Lourenço. "Ele (Vedoin) está querendo atirar para todos os lados." Segundo o advogado, Valdebran "não tem dívida nenhuma" com o líder dos sanguessugas.

À Polícia Federal , o dono da Planam relatou que o crédito a que teria direito é relativo a uma comissão de 15% que cobrou por obras repassadas a Valdebran no ano de 2000.

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