Motorista será indiciado por coautoria
A Polícia de São Paulo pretende indiciar o rapaz que dirigiu o carro usado por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes na noite do crime. O estudante de Publicidade Felipe de Oliveira Iasi, 23 anos, deve ser acusado de favorecimento pessoal ou de coautoria do crime. O advogado Iasi disse que ele foi obrigado por Sundfeld e levá-lo à chácara de Glauco na madrugada de sexta-feira. Seu cliente teria conseguido escapar e não teria visto os assassinatos.
Cartunista vai virar nome de anfiteatro
Jandaia do Sul, no Noroeste do estado, cidade natal Glauco Villas Boas, vai homenagear o cartunista com o nome de um anfiteatro. O requerimento é do vereador André Luiz de Oliveira (PHS) e sua apresentação no plenário da Câmara estava prevista para a noite de ontem. Glauco nasceu em Jandaia em 1957 e deixou a cidade aos 18 anos. Parentes de Glauco ainda residem em Jandaia, cidade de 20 mil habitantes que tem entre suas celebridades o recordista de salto triplo Jardel Gregório e o apresentador Carlos Massa, o "Ratinho". A cidade é administrada por José Borba (PMDB), que renunciou ao mandato de deputado federal, em 2005, por causa de seu envolvimento com o escândalo do mensalão. Borba decretou luto oficial de três dias pela morte de Glauco.
Agência Estado
Foz do Iguaçu - Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24 anos, acusado de matar o cartunista Glauco Vilas Boas, 53 anos, e o dele, filho Raoni, 25 anos, na madrugada de sexta-feira, em uma chácara em Osasco (SP), confessou ontem ser o autor dos crimes. O suspeito foi preso por volta da zero hora de ontem em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. Em depoimento informal a agentes federais, Sundfeld disse que cumpria um "chamado de Deus". Ele tentava cruzar a fronteira com o Paraguai quando foi preso e atirou contra os policiais. O advogado do rapaz diz que ele não estava em condições de depor e que sua confissão não tem valor jurídico.
Em uma cela isolada da Polícia Federal (PF) em Foz, Cadu, como é conhecido, disse ser um profeta e afirmou que "conversa com Deus". Descalço, sem fazer a barba e com os olhos arregalados, chegou a esboçar sorrisos. Em entrevista, confessou o crime com um "sim", em voz baixa, balançando a cabeça positivamente.
Logo após ser preso, Sundfeld disse à reportagem da TV Massa, afiliada do SBT no Paraná, que começou a "conversar com Deus" depois de tomar o Santo Daime, chá que é servido na Igreja do Céu de Maria, fundada por Glauco. Ele procurou a igreja para se livrar do vício das drogas. "Faz quatro anos que eu tomo a bebida. (...) Tomando a bebida eu vi Deus", afirmou. "Eu continuei tomando a bebida até um momento que eu me curei. Deus falou: Chega. Sabe aquelas vozes que você ouvia, aquelas maluquices que você estava fazendo, cara? Acabou. Eu vim aqui para te curar. Desde então eu comecei a conversar com Deus, assim como todos os padrinhos da igreja conversam."
Segundo Sundfeld, os "padrinhos" teriam sido enviado por Deus "para começar a salvar o cristianismo". "Tanta coisa que estão fazendo com a doutrina de Deus", disse. O delegado da PF José Alberto Iegas confirmou que o rapaz tem um discurso místico no qual declara ser Jesus Cristo. Na noite do crime, Sundfeld teria tentado convencer Glauco a ir até a casa de sua mãe, em São Paulo, para convencê-la de que ele era Jesus. O acusado disse que só um exame poderá comprovar sua sanidade mental. "Eu relatei toda a verdade perante a câmera. É só tirar a teima se sou louco. Faz o tira-teima", afirmou enquanto era levado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo delito.
A Rede Bandeirantes divulgou um vídeo em que Sundfeld relatou como teria ocorrido o crime. "Tô com uma arma na mão, no meio do mato, apontando a arma para um cara famoso. Olha os caras vão me condenar à morte aqui no Brasil. Vão me f... com a vida. Aí, eu peguei e falei: Você f... com a minha. Vou f... com a sua também. Aí, atirei nele. Aí, o filho dele veio para cima de mim. Atirei no filho dele também."
Fuga
Sundfeld foi detido ao tentar cruzar a Ponte da Amizade, quando dirigia o automóvel Fiesta Sedan preto, placas DWK-4983, roubado na manhã de domingo na região da Vila Sônia, em São Paulo. Por volta das 21h40 de domingo ele cruzou o posto policial de Santa Terezinha de Itaipu, na BR-277, nos limites com Foz. Sundfeld atirou ao receber a ordem para parar.
Antes de ser surpreendido, o acusado circulou por pelo menos 1.060 quilômetros até chegar a Foz. Segundo a polícia, ele entrou no Paraná pela Rodovia Regis Bitencourt (BR-116) e próximo a Curitiba pegou a BR-277. No Paraná, passou por pelo menos sete postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sem levantar suspeitas.
Os policiais iniciaram uma perseguição, mas ele escapou de vista nas imediações da Vila Portes, na fronteira com o Paraguai. Ficou escondido nas imediações da Ponte da Amizade por pelo menos uma hora e decidiu entrar no Paraguai por volta das 23 horas. Na ponte, ao receber a ordem para parar, atirou 25 vezes e feriu um policial no braço. O policial não corre riscos. O acusado foi barrado pela Marinha do Paraguai.
"Depois da troca de tiros, Cadu logo saiu do carro gritando que era o assassino do Glauco, disse o delegado Iegas. Segundo ele, o estudante disse que ficou foragido por três dias no meio do mato planejando a fuga. "Ele disse ter vendido maconha para conseguir dinheiro para a viagem, afirmou Iegas. Cadu estava com uma pistola calibre 7.65 (supostamente a mesma usada nos homicídios), 25 balas e três gramas de maconha.
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