Sebastião Cândido Gouveia, acusado de envolvimento na morte de Paulo Gustavo de Freitas Turkiewicz, herdeiro da rede de lojas Disapel, que foi adquirida pelo Ponto Frio em 2000, está sendo julgado, nesta quinta-feira (16), no Tribunal do Júri, de Curitiba. O réu é julgado por homicídio duplamente qualificado, pelo crime que ocorreu em 2003. A expectativa é de que a sentença seja proferida depois das 19 horas.
Por volta das 18 horas, a defesa de Gouveia se manifestava na tréplica. Após esta fase, os jurados se reuniriam para definir o resultado do julgamento. Ao longo da sessão, o réu foi ouvido e negou participação no assassinato de Turkiewicz.
Gouveia, no entanto, assumiu que participou da articulação de um atentado contra a vítima, ocorrido meses antes do homicídio. Na ocasião, uma van bateu contra a traseira do carro que Turkiewicz dirigia, provocando um engavetamento. Apesar do veículo conduzido pela vítima ter ficado destruído, o herdeiro da Disapel saiu ileso.
O réu também confessou ter praticado crimes de estelionato e confirmou que usava nome e CPF falsos. A acusação apresentou um processo em que Gouveia era acusado de formação de quadrilha e de desvio de cargas roubadas em Joinville, em Santa Catarina.
Família
A irmã da vítima, Ana Cristina Turkiewicz acompanhava o julgamento na tarde desta quinta. Com uma camiseta com a foto do irmão, ela se mostrava cansada, mas confiante na condenação do réu. "Eu acredito na Justiça. É notável que tudo o que eles [os integrantes da defesa] dizem é para se desviar do fato. Com certeza, o júri terá esta visão", disse.
Apesar de acompanhar há sete anos todos os desdobramentos do caso, ela disse que a cada ato toda a família revive o drama da morte de Turkiewicz. "É muito dolorido. Nós passamos novamente por tudo aquilo que tivemos de enfrentar. É muito sofrimento", definiu.
Crime
Turkiewcz foi morto com três tiros na cabeça e um no tórax em abril de 2003, no estacionamento de uma academia de tênis localizada no bairro Santa Felicidade. Na época do assassinato, ele tinha 31 anos e havia casado há pouco mais de um ano.
Segundo o Ministério Público, o advogado Guilherme Navarro Lins, que era amigo íntimo da vítima, seria o mandante do crime. Ele teria contratado Sebastião Cândido Gouveia para executar Turkiewicz. Gouveia e Rogério Juliano Gonçalves teriam agenciado um atirador, Altaídes Prestes Lemos.
O advogado teria pagado R$ 25 mil pela execução, a fim de acobertar o desvio de dinheiro feito para contas próprias os recursos viriam do remanejamento do patrimônio restante da extinta Disapel, em grande parte remetido a contas no exterior.
Outra versão apurada na época das investigações é de que Turkiewicz, responsável pela massa falida das Lojas Disapel, teria participado das aplicações feitas no exterior e teria desviado R$ 2 milhões, o que teria irritado o advogado, cúmplice da fraude.
Julgamentos
Rogério Juliano Gonçalves, de 42 anos, foi o primeiro acusado a ser julgado, em 2008. Ele foi condenado a 12 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, mas teve a pena aumentada para 14 anos e 8 meses depois que a família da vítima recorreu da sentença. Gonçalves confessou que levou o pistoleiro Altaídes Prestes Lemos até o local do crime.
Lemos foi julgado e condenado em 2009 a 21 anos de prisão. Ele foi acusado de homicídio duplamente qualificado, por crime hediondo, praticado sob encomenda e sem a possibilidade de defesa da vítima. No julgamento, ele foi apontado como o autor dos disparos que mataram a vítima. Os dois acusados aguardaram o julgamento presos. Já o julgamento de Guilherme Navarro Lins de Souza está marcado para o dia 4 de outubro. A sessão, no entanto, já foi adiada por três vezes. Ao longo deste período, Souza permanece em liberdade.
Sebastião Cândido Gouveia e o advogado Guilherme Navarro Lins de Souza aguardam o julgamento em liberdade. As audiências dos dois acusados já foram adiadas por, pelo menos, três vezes. Gouveia será julgado nesta quinta-feira (16). Já o julgamento de Souza deve acontecer no dia 4 de outubro.
Empresa
A rede de lojas Disapel, fundada na década de 1970, teve sua falência decretada em junho de 2000, ocasião em que contava com 81 filiais distribuídas nos três estados do Sul do país 36 no Paraná, 20 em Santa Catarina e 25 no Rio Grande do Sul. As lojas foram levadas a leilão, e adquiridas por R$ 12,1 milhões pelo Ponto Frio.
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