Cassada, Centronic atua com base em liminar
O assassinato do estudante Bruno Strobel Coelho levou o Ministério da Justiça a determinar o fechamento da Centronic, mas a empresa de vigilância continua funcionando, desde o mês passado, amparada em uma decisão liminar da Justiça Federal. Os acusados do assassinato eram funcionários da empresa e abordaram o estudante durante o serviço. Além disso, teriam torturado Strobel na sede da Centronic e usado veículos da empresa para transportá-lo ao local do assassinato, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba.
A ordem do Ministério da Justiça, emitida no dia 27 de abril, considerou que a participação dos vigilantes da Centronic e o uso de instalações e veículos da empresa indica a prática de atos ilícitos. Por isso determinou que a empresa fosse punida com a perda da autorização de funcionamento, como prevê a Portaria 387 de 2006, do Departamento de Polícia Federal. A PF é responsável pela fiscalização do setor de segurança privada no país. Em maio, a PF chegou a apreender parte do armamento, do estoque de munição e dos equipamentos de vigilância utilizados pela Centronic.
A juíza Inês Marchalek Zarpelon suspendeu ontem à tarde o julgamento de dois acusados de participação na morte do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, em outubro de 2007. O julgamento dos vigilantes Marlon Janke e Douglas Sampaio Rodrigues começou pela manhã, no Centro de Convenções de Almirante Tamandaré, e foi suspenso depois de a juíza ser informada que uma das sete pessoas que compunham o júri é irmã do advogado que defendeu Janke no início do processo. A avaliação é que o parentesco colocaria a análise da jurada sob suspeita. O novo julgamento deverá ser marcado para agosto.
Bruno, filho do jornalista esportivo Vinícius Coelho, tinha 19 anos quando foi morto com dois tiros na cabeça após um jogo do Coritiba, em outubro de 2007, no bairro Alto da Glória, em Curitiba. Seu corpo foi encontrado uma semana depois, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana. Marlon Janke confessou o crime e disse que o estudante foi flagrado pichando o muro de uma clínica no bairro. Ele e os outros suspeitos eram funcionários da empresa de vigilância Centronic (leia abaixo).
Telefonema
Quatro pessoas já haviam sido ouvidas, depois de aproximadamente sete horas de julgamento, quando o advogado Edson da Cruz telefonou para cartório do fórum de Almirante Tamandaré e informou que sua irmã, Elaine da Cruz, fazia parte do júri. Assim que foi informada, a juíza Inês Marchalek Zarpelon suspendeu a sessão para falar com a jurada. No início do julgamento, quando os jurados são questionados se há alguma ligação com envolvidos no caso, ninguém se manifestou. "Ela não se manifestou naquele momento. Agora há um impedimento legal para continuarmos o julgamento", afirmou a juíza. Elaine se mostrou surpresa e disse não saber que o irmão tinha trabalhado no caso.
A Justiça tem um prazo mínimo de 15 dias antes do próximo julgamento para sortear sete novos jurados. Nenhum dos jurados presentes ontem poderá participar. Janke e Rodrigues voltaram para o Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara, onde estão presos desde maio de 2008. O primeiro é acusado de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha, tortura mediante seqüestro e ocultação de cadáver. Rodrigues responde por homicídio e ocultação de cadáver. Mais cinco vigilantes são acusados no caso. Um deles, Eliandro Luiz Marconcini, está preso.
Excesso de prazo
Para o advogado Rafael Fabrício de Mello, assistente da acusação, a anulação poderá beneficiar os réus, já que eles estão presos há quase dois anos sem julgamento e seus defensores poderão in-gressar com pedidos de habeas corpus por excesso de prazo. "Mas acho pouco provável que o Tribunal de Justiça decida pela liberdade deles", afirmou. "É possível que haja má fé [da jurada]? É possível. A minha família sabe que eu estou trabalhando neste caso", ironizou Mello. O advogado de Marlon, Nilton Ribeiro, informou que conversará com seu cliente para decidir se pedirá a liberdade. O advogado de Rodrigues, Cláudio Dalledone Junior, já tem um pedido de liberdade tramitando no Superior Tribunal de Justiça.
Vinícius Coelho avalia que a jurada sabia que sua presença poderia anular o júri. "É um julgamento que está todo dia no jornal. Claro que ela sabia", afirmou o pai da vítima. Apesar da frustração, Coelho acredita que a descoberta será benéfica para o decorrer do julgamento. "Espero que justiça seja feita."
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