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Escuta telefônica - Diálogos mostram negociação de propinas

Brasília – As conversas captadas nas escutas da Operação Navalha, da Polícia Federal, autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelam uma coleção de diálogos que indicam o pagamento de propinas a agentes públicos em troca da liberação de recursos para obras tocadas pela Gautama.

Em conversas cifradas, nas quais os interlocutores de Zuleido e outros dirigentes da Gautama utilizam teremos como "documentos", pedem que o empreiteiro se lembre da "calói", "negócio" ou "material" em lugar de dinheiro.

Em geral, antes ou depois de encontros ou conversas, Zuleido Veras entra em contato com sua área financeira para pedir retiradas de recursos.

Brasília – Entre janeiro de 2003 e abril de 2006, acusados de envolvimento no esquema identificado pela Operação Navalha movimentaram R$ 170 milhões. De acordo com investigação da Polícia Federal, a quadrilha desviava recursos públicos destinados a obras de infra-estrutura. O dado consta de relatórios do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) remetidos ao Ministério Público e à Polícia Federal.

As movimentações, identificadas como suspeitas, estão associadas a 45 empresas e pessoas ligadas direta ou indiretamente às fraudes, cujos nomes são mantidos sob sigilo.

O empresário Zuleido Soares Veras, dono da Construtora Gautama e apontado nas investigações da PF como o "chefe" da organização, figura há anos como executor de obras feitas com recursos do governo federal.

Conforme os registros do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a partir de 2006, a Gautama aparece como a escolhida em processos licitatórios para execução de obras de pavimentação de estradas em vários estados, ações autorizadas pelo Ministério dos Transportes.

Em 2004, a empresa foi contratada para executar uma obra de ampliação e reforma em dependências da própria Polícia Federal, no valor de R$ 14 milhões. Nesse último caso, entretanto, não foram apontadas irregularidades.

Segundo a PF, além de planejar expandir seus contratos a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – principal ação da gestão Lula neste segundo mandato –, a Gautama também trabalhou e obteve contratos do programa Luz para Todos do Piauí que consiste no repasse de recursos federais a estados e municípios destinados à eletrificação em áreas rurais. A PF prendeu o presidente da Companhia Energética do Piauí, Jorge Juni, que é suspeito de ter fraudado licitações em favor da empreiteira.

A Controladoria-Geral da União (CGU) auxiliou as apurações, identificando obras e servidores públicos suspeitos.

Prisão

A PF prendeu ontem mais um acusado de ligação com o esquema: Henrique Garcia de Araújo. Ele é funcionário da Gautama. Segundo a PF, Araújo foi preso ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos (SP), quando retornava dos Estados Unidos. Ele foi transferido para Brasília, onde ficará sob custódia da Polícia Federal.

Deputado

O deputado distrital Pedro Passos (PMDB) ficará sob custódia da Polícia Federal. O advogado dele, Herman Barbosa, disse que a decisão anterior da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), previa que ele ficaria sob responsabilidade da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

"Ficamos surpresos com a decisão à medida em que o decreto de prisão diz que a custódia é da Câmara Legislativa. O STJ voltou atrás e ele ficará sob custódia da PF. Antes, ele sairia e ficaria detido em casa", disse o advogado.

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