Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
adolescência

Adequação à maioridade aos 16 anos custaria R$ 20 milhões ao Paraná

Enquanto o Paraná gasta R$ 10 mil mensais com cada adolescente infrator, custo dos presos adultos é de R$ 3 mil mensais. Reincidência entre os jovens, porém, é bem menor, de 17% . | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Enquanto o Paraná gasta R$ 10 mil mensais com cada adolescente infrator, custo dos presos adultos é de R$ 3 mil mensais. Reincidência entre os jovens, porém, é bem menor, de 17% . (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Nos últimos meses, as discussões em torno da redução da maioridade penal dividiram o Brasil. Texto que está em estágio mais avançado de tramitação, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/1993 pretende que os adolescentes com 16 anos ou mais e que tenham cometido crimes hediondos sejam imputados penalmente. Eles cumpririam pena em um estabelecimento intermediário, separado do sistema penitenciário (para os adultos) e do sistema socioeducativo (em que adolescentes infratores cumprem medidas de internação).

O problema é que o texto é completamente vago e não fixa sequer diretrizes mínimas para a criação deste sistema intermediário.

Hoje, no Paraná, 171 adolescentes se encaixariam nas definições dessa proposta de redução da maioridade penal – eles cumprem internação por atos infracionais, como homicídio, latrocínio e estupro. A Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) estima que seriam necessárias pelo menos duas novas unidades para receber esses jovens. A pasta aponta que, só para construí-las e equipá-las, o Paraná gastaria cerca de R$ 20 milhões.

“O Brasil não tem hoje nenhum estado preparado para cumprir essa PEC, no que diz respeito à criação do sistema intermediário. Ninguém tem condições”, disse Pedro Ribeiro Giamberardino, diretor do Departamento de Atendimento Socioeducativo, vinculado à Seju.

Outro ponto que preocupa as autoridades são as lacunas do texto da PEC. A proposta não determina, por exemplo, se haveria um período para que os estados se adequassem à norma, criando este novo modelo; e qual o perfil da pasta que seria responsável para gerir este sistema. Não há sequer diretrizes de como seriam essas unidades.

“Não se sabe, por exemplo, se este novo modelo ficaria sob responsabilidade da Seju ou da Sesp [Secretaria de Estado da Segurança Pública, que administra os presídios do Paraná]”, apontou Giamberardino.

Efeito reverso

Para os especialistas, a falta de unidades para consolidar o modelo esboçado pela PEC 171/1993 pode provocar um efeito reverso e colocar nas ruas os adolescentes que se enquadram nas especificações da proposta (maiores de 16 anos, autores de crimes hediondos).

“Não vamos poder manter este adolescentes no sistema socioeducativo. Ao mesmo tempo, eles não poderão ser colocados no sistema penal. O que vai acontecer é que, a partir de pedidos dos advogados, a Justiça vai mandar esses jovens cumprir prisões domiciliares. Eles vão para a rua”, avaliou o procurador de Justiça, Murillo José Digiácomo, do Ministério Público do Paraná.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Tudo sobre:

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.