O delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, afirmou na tarde deste sábado(27) que os três suspeitos presos na madrugada já confessaram participação na morte da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, em São Bernardo do Campo, na quinta-feira (25). Ela foi queimada viva em seu consultório.
"Todos confessaram a prática do crime em São Bernardo e outros", disse Blazeck em coletiva na sede da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), no centro da capital. Ainda de acordo com ele, os criminosos, antes de atearem fogo em Cinthya, a ameaçaram com um isqueiro e com álcool, "para que ela cedesse bens de patrimônio".
A polícia disse também que vítima estava com as mãos amarradas por trás das costas, enquanto um dos suspeitos, Victor Miguel Souza Silva, de 24 anos, apontado como o líder do grupo, trocava o isqueiro com um adolescente que também participou do crime. "O jovem conta (o episódio) como se fosse o capítulo de uma novela" disse a delegada Elisabete Sato, diretora do Departamento de Homicídios e de Preteção à Pessoa (DHPP).
Ainda segundo ela, quando o grupo recebeu a informação de que Cinthya tinha apenas R$ 30 em sua conta bancária, o adolescente ficou bravo e ateou fogo na vítima com o isqueiro.
A delegada disse que o grupo fez "tortura" com a dentista ao lhe ameaçar com o isqueiro.
Todos os suspeitos foram presos na Favela Santa Cruz, em Diadema no ABC. Eles estava em duas casas. Em uma delas, foi encontrado Victor, com um adolescente que, segundo a polícia, lhe dava cobertura. Esse jovem, que tem 17 anos, não teria participado do assassinato. Mesmo assim, foi apreendido.
Na outra casa, foi preso Jonatas Cassiano Araujo, de 21 anos, com outros dois adolescentes, ambos de 17 anos, um dos quais teria admitido atear fogo na vítima. As duas residências ficavam a cerca de 50 metros de distância uma da outra.
Foragido
Um dos suspeitos de participar do crime, Tiago de Jesus Pereira, permanece foragido. Teria sido ele quem ligou para os criminosos informando da quantia na conta de Cynthia.
Segundo a delegada Elisabete Sato, três dos presos seriam usuários de cocaína.
Maioridade penal
O secretário estadual da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, que abriu a coletiva de imprensa neste sábado, defendeu a reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) "para proteger os cidadãos de bem". "Temos mais um caso cruel, que exige uma reflexão e um debate no Congresso Nacional por uma postura mais rígida." Para ele, trata-se de um "crime bárbaro de latrocínio".