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Saúde

Adolescente batalha na Justiça por operação nos EUA

Antonio Gleiber Cassiano Junior precisa de um catéter na veia para se alimentar: sistema é propenso a infecções | Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Antonio Gleiber Cassiano Junior precisa de um catéter na veia para se alimentar: sistema é propenso a infecções (Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná)
Curitibano formado na UFPR chefia centro de referência nos Eua |

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Curitibano formado na UFPR chefia centro de referência nos Eua

O drama do mineiro Antonio Gleiber Cassiano Junior, 15 anos, internado há seis meses no Hospital Pequeno Príncipe (HPP), em Curitiba, ganhou um novo capítulo no final da semana passada. Depois de ter 95% do intestino retirado em uma cirurgia de emergência, em agosto, ele havia conquistado na Justiça, há dois meses, o direito de fazer um transplante – que ainda está em fase experimental – em um hospital de Miami, nos Estados Unidos. Na quinta-feira passada, no entanto, a decisão foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sob a alegação de que as possibilidades de tratamento ainda não foram esgotadas no Brasil.

"O desembargador afirma isso embasado na 'grande' experiência do HC de São Paulo, que fez dois transplantes do tipo, e os dois pacientes morreram. Não existe protocolo de atendimento, conversei com um médico de lá, e ele disse que estão em uma fase boa de aprendizado", alega o advogado de Antonio, Claudinei Szymczak. Segundo ele, o procedimento nem mesmo consta na tabela do SUS. "Eles também sugerem mandá-lo para a Argentina, mas temos um material mostrando que o atendimento lá não é bom."

Responsável pelo atendimento do jovem no HPP, o médico especialista em transplante de fígado e professor de cirurgia da UFPR Julio Cesar Wiederkehr confirma que o Brasil ainda não teve sucesso nesse tipo de transplantes de intestino. "A família está requerendo que o procedimento seja feito em um centro especializado, e o maior do mundo hoje é em Miami, cujo chefe do serviço é um curitibano."

Com um problema raro, a "síndrome do intestino curto", Antonio não pode comer desde que passou pela cirurgia. Toda a alimentação é feita por meio de líquidos administrados na veia, a chamada nutrição parenteral. "No Brasil não existe parenteral domiciliar. Ele está bem nutrido, recuperou peso. A cirurgia precisa ser feita com certa celeridade, porque os catéteres são entradas para bactéria, há risco de infecções e de complicações, como dano ao fígado", explica Wiederkehr.

A mãe de Antonio, a dona de casa Alessandra Marques Ribeiro, 34 anos, conta que os últimos seis meses têm sido difíceis. Para acompanhar o tratamento do filho mais velho no Paraná, ela deixou o caçula, de 7 anos, com o marido, em Campos Gerais, no Sul de Minas. "Ele [o filho mais novo] chora de saudade do Antonio, de mim. Passo os dias sentada em uma cadeira, moro no hospital. Para passar as horas, só tem televisão e Facebook." Mesmo sem comer, Antonio sente dores no estômago e tem vômito. "Ele reclama de saudade de comer lasanha, frango. Temos muita pressa [do transplante]. A parenteral por muito tempo pode causar problema", apela a mãe.

Precedente

Sofia conseguiu que SUS pague transplante no exterior

Casos como o de Antonio Gleiber Cassiano Junior têm se tornado mais comuns de um ano para cá. No início de 2015, a família de Davi Miguel Gama, de dez meses, morador de Franca (SP), também conseguiu liminar que garantia a realização de um transplante nos Estados Unidos cassada pelo Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo. Ele nasceu com uma síndrome que impede a absorção dos alimentos e precisa de um transplante de intestino para sobreviver.

As duas batalhas jurídicas têm um precedente: a família da menina Sofia Gonçalves de Lacerda, de Votorantim, região de Sorocaba, conseguiu na Justiça que o governo federal bancasse seu tratamento em Miami. A criança nasceu com a Síndrome de Berdon, doença rara que impede o funcionamento do intestino, e aguarda doador para ser submetida a um transplante de seis órgãos, incluindo o intestino. Hoje com 1 ano, Sofia, que está com os pais nos Estados Unidos desde julho de 2014, é a primeira na fila do transplante e a família se mantém no exterior com doações.

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