Um adolescente foi encontrado morto dentro de uma escola em Curitiba na tarde desta segunda-feira (24). O corpo foi localizado no banheiro do Colégio Estadual Santa Felicidade – escola que estava na lista das unidades ocupadas por alunos no Paraná, mas foi desocupada na noite desta segunda. A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) confirmou a morte. O autor do crime seria outro adolescente, que também é aluno da escola, e foi apreendido nesta tarde.
Leia também: Richa critica ocupações: APP pede que movimento e sindicato não sejam criminalizados
Morte de aluno em escola ocupada choca pais, alunos, professores e moradores em Santa Felicidade
Leia a matéria completaSegundo informações do Corpo de Bombeiros, a vítima morreu por ferimentos causados por arma branca, provavelmente uma faca. A Sesp informou que a vítima tinha 16 anos e era aluno do colégio.
De acordo com informações preliminares do movimento Ocupa Paraná - movimento que concentra orientações para as ocupações dos colégios no estado - o jovem era aluno do colégio, mas não estava participando da ocupação. O garoto teria ido até o local para participar de uma atividade durante a tarde.
A Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) esteve local para colher as primeiras informações sobre o caso, que é tratado com prioridade pelas polícias Civil e Científica. Pais, alunos e representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR também foram para a frente da escola.
Morte em escola ocupada foi uma “tragédia presumida”, diz secretário de Segurança
Leia a matéria completaÀ tarde, o delegado Fábio Amaro, responsável pelo caso, autorizou a entrada da mãe de um aluno, uma advogada voluntária e um representante da Defensoria Pública do estado na escola.
O Ocupa Paraná divulgou uma nota de pesar pela morte do estudante e afirmou que não vai culpabilizar ninguém pelo ocorrido . “Neste momento queremos apenas prestar solidariedade à família, que perde um dos seus para o ódio, para a intolerância e para a violência”, diz a nota.
MP acompanha o caso
Dois promotores do Ministério Público do Paraná (MP-PR) foram designados para acompanhar os desdobramentos do caso. Segundo nota enviada pelo órgão, Felipe Lamarão de Paula Soares e Emiliano Antunes Motta Waltrick foram até a escola nesta tarde e acompanham as investigações. O MP afirmou que o objetivo é “garantir rigor e transparência à apuração do caso.”
A nota diz ainda que o MP acompanha desde o início as ocupações das escolas do Paraná. Procuradores e promotores estavam reunidos para traçar estratégias “de intervenção institucional, visando à superação da situação que se apresenta”.
Richa lamenta morte de estudante e critica ocupações
- Laura Beal Bordin e Fernanda Leitóles
O governador Beto Richa se manifestou por meio do Facebook, na tarde desta segunda-feira (24), sobre a morte do estudante em uma escola ocupada em Curitiba. Richa lamentou o ocorrido e criticou as ocupações no Paraná.
Em sua página na rede social, ele afirmou que se trata de uma “tragédia chocante, que merece uma profunda reflexão de toda a sociedade” e prestou condolência à família do jovem.
O governador também voltou a criticar as ocupações das escolas do estado. “É ainda mais gravíssimo e lamentável, porque [a morte] aconteceu no interior de uma escola ocupada [...] Peço ainda, mais uma vez, que os estudantes encerrem esse movimento”. “A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso e não encontra amparo na razão, pois o diálogo sobre a reforma do ensino médio está aberto, como bem sabem todos os envolvidos nessa questão”, disse na postagem.
Confira a nota de Richa na íntegra:
“A morte do estudante * de 16 anos, é uma tragédia chocante, que merece uma profunda reflexão de toda a sociedade. É ainda mais gravíssimo e lamentável, porque aconteceu no interior de uma escola ocupada, que deveria estar cumprindo a sua missão de irradiar a luz do conhecimento e a formação da cidadania.
Externo à família desse estudante a minha solidariedade neste momento tão doloroso. E renovo o meu apelo para que os pais redobrem o cuidado com seus filhos. Peço ainda, mais uma vez, que os estudantes encerrem esse movimento.
A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso e não encontra amparo na razão, pois o diálogo sobre a reforma do ensino médio está aberto, como bem sabem todos os envolvidos nessa questão. Que não se aleguem quaisquer justificativas para a continuidade desse movimento que vem causando prejuízos à educação do Paraná.
É hora de responsabilidade e consciência sobre os direitos e deveres de estudantes, professores, famílias, autoridades e sociedade.”
*O nome foi ocultado para preservar a identidade do adolescente.
APP-Sindicato pede que movimento das ocupações não seja criminalizado
A diretoria da APP-Sindicato, entidade que representa os professores do Paraná, divulgou nota lamentando a morte do estudante. A nota pede que o movimento das ocupações de escolas públicas do estado não seja criminalizado e ainda que o assassinato não seja vinculado ao sindicato. “Assim como a sociedade paranaense, esperamos a apuração do caso pelos órgãos competentes”, disse a APP.
Confira a nota da APP-Sindicato na íntegra:
“A APP-Sindicato, que representa os trabalhadores em educação das escolas públicas do Paraná, se solidariza à família e ao movimento dos estudantes pela morte de um adolescente na tarde desta segunda-feira (24) no Colégio Santa Felicidade, em Curitiba.
Infelizmente neste momento triste, surgem tentativas de criminalização do movimento legítimo dos estudantes e vinculação do sindicato ao episódio. A APP-Sindicato repudia tais ações. Assim como a sociedade paranaense, esperamos a apuração do caso pelos órgãos competentes.
Segundo informações do movimento Ocupa Paraná, “não há nenhuma informação concreta sobre a motivação dessa morte e também nenhuma informação repassada aos mais de 10 advogados do movimento que estão proibidos de entrar no local para dar suporte aos outros estudantes da ocupação que estão lá dentro com a polícia civil”.”
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