Adolescente encontra arma na rua e dispara contra colega

Atualizado em 03/07/2006, às 16h

Um adolescente de 15 anos atirou acidentalmente contra um amigo, de 16 anos, na manhã desta segunda-feira (3) no Colégio Estadual Heráclito Fontoura Sobral Pinto, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. O autor do disparo foi apreendido e encaminhado para a Vara da Infância e Juventude de Colombo, enquanto a vítima foi atendida no Hospital do Cajuru e liberado em seguida.

De acordo com o escrivão da Delegacia do Alto Maracanã, Sérgio Rodrigues, o caso teria sido realmente um acidente. "A arma foi encontrada num terreno baldio, segundo o autor do disparo. Já dentro do pátio do colégio, ele mostrou a arma para alguns colegas e, um deles, pediu para que a arma fosse guardada. Neste momento houve o disparou e a bala atingiu a perna do mesmo colega que pediu para que a arma fosse guardada", afirmou.

O diretor do colégio, Antônio Dionísio de Paula Carrano, disse que o acidente aconteceu por volta das 7h30. "Os professores já estavam indo para as aulas quando ouviram o barulho. No início pensaram ser uma bombinha, mas logo apareceu o menino ferido. De acordo com os colegas foi um acidente, mas nada justifica que ele tenha levado uma arma para dentro do colégio".

A polícia vai iniciar investigações para saber se a arma foi realmente encontrada em um terreno baldio. "Agora vamos investigar, já que casos assim vêm se repetindo. Mesmo acreditando que foi um acidente, como a própria vítima já admitiu, o autor dos disparos cometeu dois crimes e deve responder por isso", afirmou Rodrigues. A polícia registrou um Boletim de Ocorrência Circunstanciado e agora o caso está com a Justiça". Os crimes cometidos foram porte ilegal de armas e lesão corporal.

No colégio, o diretor vai aguardar um parecer do juizado para saber se haverá, ou não, punição para o adolescente que disparou o tiro. "Vou aguardar a posição do juizado de menores para saber o que fazer. Se eles determinarem que ele deve permanecer em sala de aula, vamos obedecer", garantiu Carrano. "Mas foi uma surpresa. Nunca tivemos nenhum problema com esses alunos", concluiu.

Violência aumenta

A violência cresce na região, e o diretor diz não saber mais o que fazer. "Isso foi um exemplo do que a gente vive diariamente aqui no colégio. A violência e a falta de segurança são terríveis. Somos educadores, não policiais. Ficamos realmente de mãos atadas, já que a falta de segurança vem passando além dos muros da escola", disse Carrano. Ainda de acordo com o diretor, já foram feitas várias denúncias de alunos com armas, mas quando a polícia é acionada e faz revistas, nada é encontrado. "Eles sempre arrumam um jeito de esconder as armas, afirmou".

Insatisfeito, o diretor afirma que as escolas estão perdendo a guerra para a violência. "O papel da escola a gente vem cumprindo, o que percebemos é que a escola esta perdendo a sua missão. Muitos alunos perderam o respeito em relação aos professores. Conversamos sempre com os pais, mas existem casos que a gente considera perdidos".

E conclui. "Me questiono até que ponto temos que manter determinados alunos ruins, no mesmo espaço que outros bons. Esbarramos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em muitas ações que poderíamos tomar. Os professores trabalham com medo e receio de que possa acontecer alguma coisa". "Nas aulas da noite, o estopim está aceso. A qualquer momento pode acontecer algo".