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Advogado abandona tribunal e julgamento é cancelado

Tribunal do Júri, em Curitiba | Arquivo/
Tribunal do Júri, em Curitiba (Foto: Arquivo/)

O julgamento do agropecuarista Alessandro Meneghel, acusado de matar a tiros o policial federal Alexandre Drummond Barbosa, em frente uma casa noturna em Cascavel, em 2012, foi cancelado na noite de quinta-feira (31), depois que o advogado de defesa, Claudio Dalledone Jr., abandonou o plenário do Tribunal do Júri, em Curitiba. Diante da suspensão do julgamento, Meneghel segue aguardando a próxima decisão judicial em liberdade.

O defensor do ruralista alegou que a promotoria apresentou um documento que não havia sido anexado ao processo com antecedência. Trata-se da suposta ficha criminal de Meneghel, que foi apresentada ao conselho de sentença em forma de uma lista com vários metros.

De acordo com Dalledone, o documento deveria ter sido juntado aos autos com antecedência mínima de três dias úteis. Ele chamou a atitude da promotoria de “teatral” ao desenrolar “um pergaminho que tem 30 metros de comprimento”, dizendo que continha os antecedentes criminais de seu cliente. “Fui surpreendido de forma traiçoeira. Em razão disso, pedi a dissolução do conselho de sentença”, afirmou o advogado.

O promotor Lucas Cavani afirmou que os documentos constavam nos autos. “Nós apenas os exibimos. Ele poderia debater o mérito. Gostaríamos que o resultado saísse hoje, mas a Justiça será feita”, declarou.

Acusações pessoais

Durante os debates, houve um desentendimento entre Dalledone e a promotora Ana Vanessa Fernandes Bezerra, que acusou o advogado de machista em razão de um suposto comentário. “Ele foi bastante machista. Se referiu a mim de maneira jocosa, que ele ficaria feliz de brincarmos de maneira íntima. Naquela situação, a plateia inteira se assustou. O juiz pediu que a plateia se acalmasse diante daquela situação. Naquele momento, a sessão foi suspensa”, declarou Ana Vanessa, ao final da audiência.

Ela afirmou que vai pedir o áudio da sessão e alegou ter testemunhas do ocorrido. “Foi dito muito claramente. O conselho de sentença se assustou com a forma que ele se expressou com relação a mim”, completou a promotora.

Dalledone negou as acusações. “Ela se equivoca ao falar que eu a ataquei na condição feminina. Deveria ter consignado na hora, nós temos um juiz de direito que jamais deixaria passar algo do gênero. Se ele pressentisse que isso ocorreu, iria imediatamente tomar as decisões. Isso não aconteceu. Ela vai ter que responder na corregedoria”, afirmou o advogado.

Sessão suspensa

Diante do abandono do plenário por Dalledone, o juiz Leonardo Bechara Stancioli decidiu suspender a sessão e ainda não estipulou quando deverá retomá-la. O julgamento havia começado às 13h de quarta-feira (30). Ao longo de 20 horas, 13 testemunhas de acusação e seis de defesa foram ouvidas e houve os debates entre acusação e defesa.

Meneghel, que já foi presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO), é acusado de atirar contra o policial federal na saída de uma casa noturna usando uma pistola 9 milímetros e um arma calibre 12. O julgamento terá de ser refeito por completo.

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