Curitiba (AE) O advogado Roberto Bertholdo, ex-integrante do Conselho de Administração da Itaipu Binacional, acusou ontem o deputado federal José Janene (PP-PR) de ser o principal responsável pelo sistema de corrupção no Brasil. "Ele e seu grupo alimentam 80% do sistema de corrupção no Brasil nas diversas esferas", afirmou o advogado, que está preso em uma cela do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), em Curitiba, acusado de grampear ligações telefônicas de um juiz, comprar sentenças, lavar dinheiro ilícito e exercer tráfico de influência.
Em entrevista à Rede Paranaense de Comunicação, Bertholdo acentuou que Janene já teria aplicado a mesma sistemática de fazer pagamentos a políticos em Maringá, Londrina e outros municípios do Paraná. "Ele exportou o esquema para todo o Brasil", acentuou. "Ele se tornou conhecido para que em qualquer operação de corrupção possa transformar a negociação em dinheiro vivo, o que é a parte mais difícil, pois em corrupção não existe cheque." Essa transformação seria feita com a interferência da corretora Bônus-Banval.
O advogado disse que freqüentava a casa de Janene em Brasília, com quem almoçava e jantava pelo menos uma vez por semana. Ele também envolveu no mesmo esquema o doleiro de Londrina Alberto Youssef, que já esteve preso na Polícia Federal sob acusação de lavagem de dinheiro. "O Janene tinha por hábito convidar para almoço e jantar todo mundo", afirmou Bertholdo. "Aconteceu que duas ou três vezes verifiquei a chegada do Alberto Youssef. Estava jantando e o Youssef chegava com um pacote de dinheiro." Segundo ele, o deputado costumava fazer piada desse fato.
"Montagem"
Em depoimento prestado no início da semana à Polícia Federal depois que a revista "Veja" publicou reportagem em que ele era apontado como possível operador do suposto mensalão, Bertholdo afirmou que houve montagem na fita que a revista reproduz, segundo a qual ele estaria comentando possível cobrança de propina de um consórcio de empreiteiros pelo diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek. O advogado negou que tenha presenciado qualquer ato que desabone a conduta de Samek. A Itaipu já havia divulgado nota negando qualquer irregularidade.
Sobre as acusações feitas ontem, os defensores de Youssef informaram que, no período em que teria havido o pagamento do suposto mensalão, o doleiro estava preso na sede da PF em Curitiba. Ele ficou detido entre novembro de 2003 e março de 2005.
A assessoria de Janene também refutou as acusações de Bertholdo, afirmando que eles nunca tiveram amizade e que o advogado não freqüentava sua casa em Brasília. Em Curitiba, Bertholdo divide a cela com o doleiro Antônio Claramund de Oliveira, o Toninho da Barcelona.
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