O advogado de defesa de Geisy Arruda vai solicitar à direção da Uniban de São Bernardo do Campo, no ABC, para que sejam adotadas "medidas necessárias à garantia de segurança pessoal da estudante, não só no interior do campus, como também no seu entorno até um raio de 2 km". A informação foi divulgada por meio de nota à imprensa no início da noite desta terça-feira (10).
Assinada pelo advogado Nehemias Melo, a nota quer que também seja "garantido que a aluna terá direito ao final do semestre, de seu histórico escolar, bem como de toda a documentação necessária à sua transferência para outra instituição (caso seja necessário) garantindo-se ademais que não haverá nenhuma espécie de retaliação".
Além disso, solicita que "seja também abonadas todas as faltas do período tendo em vista que sua ausência se deveu aos eventos ocorridos, desde 22 de outubro passado, o que se justifica plenamente; e que seja finalmente determinado aos funcionários da Uniban de que toda e qualquer ocorrência relacionada com a aluna Geisy seja oficialmente comunicada aos seus advogados".
O objetivo da nota à imprensa foi o "de preservar direitos, tendo em vista que, tanto a notícia da expulsão quanto de sua revogação, só nos foi dado conhecimento pela imprensa". A aluna do curso de Turismo foi expulsa e depois readmitida pela Uniban após pressão. Na tarde desta terça, a reitoria disse que houve uma "reflexão" e que a medida "disciplinar" foi trocada por uma "educativa".
Início do drama
O drama de Geisy começou no dia 22 de outubro, quando ela foi à aula com um vestido rosa curto. Vídeos foram colocados na internet, mostrando os alunos hostilizando e humilhando a garota. Ela só conseguiu deixar a universidade após a chegada da polícia. Vestiu um jaleco comprido na ocasião.
O portal G1 noticiou o caso no dia 29 de outubro. Nesta segunda, a Polícia Civil de São Bernardo do Campo abriu inquérito para apurar o caso, que ficará com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). De acordo com a defesa de Geisy, serão investigados sete crimes: difamação, injúria, ameaça, constrangimento ilegal, cárcere privado (a garota ficou em uma sala até a PM chegar), incitação ao crime e ato obsceno dos alunos.
Uniban garante segurança
O vice-reitor da Universidade Bandeirante (Uniban), Ellis Brown, disse nesta terça que a aluna Geisy Arruda terá todas as garantias de segurança para voltar às aulas.
A turma de Geisy foi deslocada para um outro bloco para, segundo o vice-reitor, criar um ambiente "mais descontraído e agradável" para o retorno da estudante. Brown também garantiu que haverá atenção especial por parte da instituição para garantir a segurança dela. Ele ressaltou, no entanto, que "não se pretende criar um ambiente de patrulhamento ostensivo".
A postura da aluna, e não o tamanho do vestido, teria sido, de acordo com Brown, o motivo da expulsão. O vice-reitor disse que a sindicância apontou que "o motivo do alvoroço todo na instituição não teria sido o tamanho da vestimenta, mas a postura que a aluna teria adotado". Brown não explicou, entretanto, qual teria sido "a postura" de Geisy.
Medidas educacionais
Durante entrevista coletiva na tarde desta terça, Brown admitiu que a repercussão do caso na mídia influenciou a revisão da expulsão da aluna. "Às vezes precisamos de um certo estardalhaço para refletir", ponderou.
De acordo com o vice-reitor, a partir dessa nova reflexão, a Uniban decidiu por aplicar medidas educacionais em vez de ações disciplinares individuais. "O paradigma de tratamento da instituição foi mudado", destacou. Esse processo educativo deve começar nos próximos dias com uma palestra do senador Eduardo Suplicy.
"Não estão descartados, entretanto, a aplicação de sanções disciplinares ou o acompanhamento psicológico a alunos que participaram do episódio, caso a instituição avalie que as ações educativas não tenham sido suficientes", acrescentou Brown.
Polêmica
O caso repercutiu até na mídia internacional. Os jornais "The Guardian" e "New York Times" publicaram notas reproduzidas da agência Associated Press (AP) sobre o assunto. Nesta terça, a reportagem sobre o caso era a mais lida do site do "El País".