A Comissão de Ética da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) instaurou um procedimento para apurar a conduta do advogado Ércio Quaresma, que representa o goleiro Bruno Fernandes, acusado de ser o mandante do desaparecimento e da possível morte de sua ex-amante Eliza Samudio. Conhecido pelas atitudes polêmicas, o defensor de Bruno poderá ser suspenso preventivamente pela OAB, o que o impediria de continuar à frente do caso. O advogado aparece em um vídeo da TV Alterosa fumando crack, supostamente em uma boca de fumo na capital mineira.
Ciente da gravação, Quaresma se antecipou à veiculação do vídeo e concedeu entrevista à emissora admitindo que é dependente da droga e luta há oito anos contra o vício. Desde o início das investigações envolvendo o desaparecimento de Eliza foram abertos quatro procedimentos disciplinares contra o advogado na OAB. A entidade requisitou o vídeo em que ele aparece consumindo crack. "A OAB está estudando a aplicação ou não de uma medida preventiva para a suspensão dele até que os processos sejam julgados. A turma do Tribunal de Ética vai julgar se é o caso ou não de suspensão", disse o presidente da entidade, Luís Cláudio da Silva Chaves.
No ano passado, Quaresma chegou a ser preso com pedras de crack escondidas na boca em uma favela de Belo Horizonte. Na entrevista, ele contou que há um ano e meio buscou ajuda especializada para se livrar do vício, mas disse que teve três recaídas.
Em depoimento à juíza Elizabeth Louro, no 4.º Tribunal do Júri do Rio, a noiva de Bruno, a dentista Ingrid Oliveira, disse ontem que foi ameaçada por Quaresma, depois de ter orientado o noivo a trocar de advogado. Ingrid confirmou ainda que gravou uma conversa com o advogado, onde Quaresma dizia, entre outras coisas, "eu não sou advogado do diabo, eu sou o próprio diabo" e "se não apareceu o cadáver, se é que existe cadáver, é graças a mim".