Cadu, de olhos arregalados, balança a cabeça e diz que sim, foi ele
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A defesa do universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, de 24 anos, principal suspeito de ter matado o cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, e o filho dele, Raoni, de 25, questiona a validade da confissão do seu cliente feita à Polícia Federal do Paraná e a equipes de TV. No vídeo, Cadu confessa o crime, cometido sexta-feira (12) em Osasco. O jovem estava foragido desde o dia do duplo homicídio e foi preso na madrugada desta segunda-feira (15) em Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai. Ele estaria tentando fugir para o outro país.
"O estado dele [Cadu] não aparenta normalidade, o que leva dúvidas sobre a validade da confissão", disse o advogado Gustavo Badaró, na tarde desta segunda, por telefone, ao site G1. O defensor questionou principalmente o depoimento de seu cliente em vídeo. "Toda confissão é um ato de vontade livre, mas naquela imagem da TV ele estava alterado. Por isso, não posso afirmar que ele realmente confessou o crime."
Badaró, que afirmou ter sido procurado e contratado pela família de Carlos Eduardo no sábado (13), disse que o rapaz não aparentava estar lúcido em sua declaração à TV. "Algumas coisas estavam estranhas na imagem, a aparência, o comportamento e a forma com que ele deu a suposta confissão", explicou.
O advogado também criticou a divulgação da imagem. "Foi uma exposição indevida à imagem dele. Isso tem que ser apurado, em que circunstâncias ele deu essa suposta confissão, desde o aspecto orgânico até o psicológico."
Indagado se seu cliente realmente matou o cartunista e o filho dele, Badaró afirmou que ainda precisa conversar com Cadu. "Vou conversar com meu cliente para depois responder essas questões", disse Badaró. "Troquei duas palavras com o Cadu por telefone. Ele me disse: Está tudo bem, doutor. Eu só preciso de um advogado".
Apesar de ainda não apresentar uma versão para o crime, o defensor de Cadu informou que pretende pedir um exame de sanidade mental do seu cliente. "Se a polícia não pedir, eu peço. Ele estava passando por problemas psicológicos pelo que soube da família", disse Badaró.
Badaró ainda não sabe se irá ingressar com algum pedido de habeas-corpus. "Soube que a polícia paulista já pediu a prisão dele à Justiça. Mas preciso avaliar se entro com algum pedido ou não."
O advogado disse ainda que os pais e outros familiares de Carlos Eduardo nunca tiveram conhecimento que ele tivesse ou portasse qualquer tipo de arma.
Transferência
A transferência de Cadu para São Paulo depende da Justiça Federal no Paraná e pode ocorrer a qualquer momento. "Da nossa parte não há nenhum impedimento para que ele seja transferido e as investigações continuem lá [em São Paulo]", disse o delegado Josiel Iegas, da Polícia Federal (PF).
Além da possibilidade do pedido de transferência, Cadu pode ser interrogado por carta precatória ou até mesmo agentes da Polícia Civil de Osasco poderão se deslocar até o Paraná para ouvi-lo.
Segundo Iegas, por questões de segurança, Cadu está na carceragem da PF numa cela em separado. "Não temos certeza da sanidade mental dele", comentou Iegas.
No Paraná, Cadu será indiciado por tentativa de homicídio, por porte ilegal de arma e por estar em um veículo roubado. O processo deverá correr na Justiça Federal em Foz do Iguaçu.
Iegas disse ainda que o jovem teria iniciado os disparos quando percebeu que do lado paraguaio da Ponte da Amizade havia um bloqueio da marinha do país vizinho, o que dificultaria sua fuga. "Apesar do número de disparos que ele fez, só um policial atingido, que passa bem".
Antes da transferência para São Paulo, o estudante pode ser levado para a Cadeia Pública de Foz do Iguaçu ou para o Presídio Federal de Catanduvas. Segundo a PF, Cadu tentava deixar sozinho o país em um carro roubado em São Paulo. Policiais rodoviários em um posto da rodovia PR 227 anotaram as placas do carro e descobriram que era roubado.
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