O ex-diretor-geral do Instituto de Criminalística (IC), Ari Ferreira Fontana, e o diretor de Divisão do Interior do IC, Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho, seriam vítimas de uma "armação" que envolveria, inclusive, interesses do secretário de Segurança Pública do estado, Luiz Fernando Delazari. A acusação foi feita pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende Fontana e Oliveira Filho, durante entrevista coletiva. "O doutor Ari recebeu a informação de que se ele entrasse no IC (quando foi nomeado pelo governador Roberto Requião, em dezembro de 2003), o secretário deixaria seu cargo à disposição", conta Dalledone. "Meu cliente nunca foi recebido na Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Ele (Fontana) é um inimigo capital do secretário", acrescenta.
Fontana e mais seis peritos foram presos na última terça-feira, acusados de participar de um esquema de extorsão e emissão de laudos falsos que funcionava dentro do IC com a coordenação do ex-diretor. Segundo o advogado, Fontana foi vítima de um golpe que ele mesmo teria investigado. "Ele (Fontana) encontrou um protocolo ligado a esse esquema que estava abandonado há oito meses nas gavetas do IC", afirma.
O advogado relatou que, em 2003, Fontana passou a investigar a denúncia originada na cidade de Dionísio Cerqueira (SC), e ao constatar irregularidades na seção técnica do IC, em Cascavel, teria afastado de suas funções os peritos Celestino Böger e Luzimar Oro até que uma medida fosse tomada pela Sesp. "O inquérito administrativo foi mandado à secretaria e os dois peritos envolvidos foram absolvidos pelo secretário", afirma Dalledone.
Além disso, Fontana teria solicitado uma providência da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) de Cascavel, o que desencadeou toda a investigação que resultou nas prisões desta semana. O advogado conta que, desde então, denúncias anônimas teriam começado a aparecer contra a diretoria do IC. Procurada pela reportagem, a assessoria da Sesp informou que não comentaria as declarações de Dalledone até que as investigações da PIC sejam encerradas.
O perito Carlos Roberto Martins de Lima foi nomeado ontem, por Delazari, como interventor oficial do IC, em Curitiba. Em Cascavel, três funcionários do Detran iniciaram uma reavaliação de processos, em tese irregulares, que teriam sido apurados na gestão do ex-chefe da 7.ª Ciretran, Josmar dos Santos, que continua foragido.
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