O advogado da fazenda Teijin, no Mato Grosso do Sul, Diamantino Silva Filho, disse que vai pedir à Justiça Federal que determine a prisão dos representantes do Incra e dos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que há dois dias bloqueiam as três entradas da propriedade e mantêm 28 funcionários reféns. Ele disse que já solicitou à Justiça Federal de Dourados (cidade a 220 quilômetros de Campo Grande) que a decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região (com sede em São Paulo) seja cumprida.

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Na decisão do dia 6, o TRF determinou a suspensão da desapropriação da Teijin e que os sem-terra deixassem o local. Mais de mil famílias de trabalhadores ligados ao MST e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) estão desde o ano passado acampados em parte da fazenda, localizada em Nova Andradina, a 240 quilômetros da capital do estado. Diamantino Silva Filho espera que até o início da tarde de amanhã a Justiça Federal já tenha uma decisão. Caso os sem-terra insistam em manter o bloqueio das entradas da fazenda, ele pretende pedir que a Justiça requisite que a polícia faça a retirada dos acampados e prenda o responsável pelo Incra e os líderes dos sem-terra.

O advogado afirmou que os 28 funcionários da Teijin continuam na propriedade mas foram proibidos pelos sem-terra de trabalhar:

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- Na prática isso significa que eles estão na condição de reféns, já que eles não podem trabalhar, não podem deixar a fazenda, fazer nada - declarou.

Segundo o advogado da fazenda, o rebanho de 14 mil cabeças de gado está confinado numa área de 4 mil hectares de pouca pastagem. Ele disse que, caso essa situação perdure, o dono da fazenda poderá ter prejuízos, pois os animais não estão recebendo medicamentos e nem água. Os sem-terra afirmam que só vão liberar a entrada na fazenda depois que o Incra retomar o processo de desapropriação da Teijin, iniciado em 2001.

O Incra já havia marcado para o último sábado a data do sorteio e demarcação das terras para o assentamento de 1.067 famílias.A fazenda tem 28.500 hectares e já foi avaliada como imprópria para a reforma agrária, conforme laudo elaborado por peritos nomeados pela Justiça, segundo o advogado. A propriedade te- ria sido considerada improdutiva para a lavoura mas própria para a criação de gado. E no fim da manhã desta terça-feira, uma equipe da Polícia Militar de Nova Andradina foi impedida de entrar na fazenda para verificar a situação dos 28 funcionários.

De acordo com informações de um policial que fez parte da equipe, a viatura foi deslocada para o local para verificar a informação sobre os reféns, já que os líderes dos sem-terra negam que venham mantendo os funcionários da fazenda como reféns. De acordo com a PM, um dos líderes do MST disse que os policiais poderão entrar na propriedade, mas acompanhados de uma equipe de sem-terra do acampamento.