Gustavo Badaró, o advogado de Carlos Eduardo Nunes, assassino confesso do cartunista Glauco, chegou às 9h30 desta sexta-feira (19) à Polícia Federal em Foz do Iguaçu, onde o jovem prestou depoimento pela segunda vez. O advogado carregava roupas, produtos de higiene pessoal, uma carta e uma Bíblia enviados pela família de Cadu.
O suspeito de ter matado o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni em Osasco foi flagrado no fim do depoimento com visual diferente: cabelos raspados e barba feita.
Ele responde, no Paraná, à tentativa de homicídio. Cadu foi preso quanto tentava atravessar a fronteira entre Brasil e Paraguai, dirigindo um carro roubado. Trocou tiros com a polícia e atingiu um agente federal, que teria tido o braço fraturado, mas já está em casa e passa bem.
A polícia de São Paulo deve enviar as balas encontrados no local da morte do cartunista para o Paraná, a fim de que a perícia mostre se a munição partiu da mesma arma usada por Cadu em Foz do Iguaçu e apreendida pela PF. Ainda não há previsão de transferência do acusado para São Paulo.
A Procuradoria Geral de Justiça determinou que um promotor público acompanhe as investigações sobre a morte de Glauco e de seu filho. "O acompanhamento vai ser do inquérito agora, não necessariamente dos depoimentos. Na verdade, a designação é somente para o acompanhamento das investigações enquanto não houver a distribuição judicial do caso", explicou o promotor Yuri Cassiglione.
O promotor informou que só irá se manifestar sobre o caso após o fim das investigações. "A condução das investigações está sendo realizada pela autoridade policial. Oportunamente, quando houver o relatório final das investigações aí vai ter uma manifestação do Ministério Público e um posicionamento acerca do caso."
O crime
Glauco e Raoni levaram quatro tiros cada um. O cartunista estava em casa com a família, no mesmo terreno onde fica a Igreja Céu de Maria, da doutrina do Santo Daime. De acordo com os depoimentos e as investigações da Polícia Civil, o suspeito, conhecido como Cadu, chegou ao local acompanhado do também estudante Felipe Iasi.
Segundo Iasi, ele foi rendido por Cadu depois que o colega o chamou para sair. Ele foi obrigado, com uma arma na cabeça, a ir até a casa de Glauco. No local, ao perceber uma distração de Cadu, fugiu. A versão foi confirmada pelo suspeito, mas desmentida por outras testemunhas, como Beatriz Galvão, mulher do cartunista.
De acordo com a polícia, o plano de Cadu era levar Glauco até a casa de sua mãe para ele convencê-la de que o irmão dele seria o Cristo reencarnado. Na casa do cartunista, Cadu ameaçou atirar em Glauco diante de sua recusa em seguir com ele. Com a confusão, Raoni chegou ao local e houve uma discussão. Foi quando o suspeito atirou nas duas vítimas.
Após os disparos, Cadu ficou escondido na mata próxima à casa do cartunista até o início da manhã seguinte. Segundo o rastreamento de seu telefone celular, ele tentou se aproximar da casa da família outras duas vezes.
Na manhã de domingo (14), pegou um ônibus e depois roubou um carro na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo. Depois, seguiu para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde tentou fugir para o Paraguai. Na fuga, ele resistiu à abordagem da Polícia Rodoviária Federal. Uma hora depois, atirou em um policial federal que tentou pará-lo na Ponte da Amizade. Ele segue preso na sede da PF em Foz do Iguaçu.
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