Após a primeira audiência sobre o caso do vazamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009, que ocorreu na quarta-feira (18) e contou com depoimentos de quatro das 11 testemunhas, advogados dos cinco acusados fazem mistério sobre suas estratégias de defesa.

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No processo, cinco pessoas são acusadas pelos crimes de violação de sigilo funcional e corrupção passiva. O Enem foi cancelado na madrugada do dia 1º de outubro de 2009 pelo Ministério da Educação, após a divulgação de que a prova havia sido furtada de uma gráfica em São Paulo e oferecida a uma repórter do jornal "O Estado de S. Paulo." O exame seria aplicado nos dias 3 e 4 de outubro para mais de 4 milhões de estudantes.

Na audiência de quarta-feira, quatro testemunhas de acusação foram ouvidas pelo juiz titular da 10ª Vara Federal Criminal, Nino de Oliveira Toldo.

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Segundo o advogado Marco Aurélio Toscano da Silva, que defende Marcelo Sena Freitas, um dos acusados de retirar uma prova do Enem da gráfica, houve contradição entre os depoimentos dados à polícia e à Justiça pelas testemunhas. "Isso terá repercussão adiante e será explorado pela defesa em breve", afirmou.

De acordo com o advogado, Freitas foi enganado. "Ele é um jovem, fazia um serviço temporário. Na minha opinião, foi ludibriado por pessoas mais experientes", disse o advogado. Freitas trabalha e mora com a família, segundo o advogado.

A advogada Claudete Pinheiro da Silva, que defende Felipe Pradella, apontado pela polícia como mentor do furto da prova, disse preferir não dar detalhes sobre o caso. "Gostaria de falar, porque até agora só há uma versão na mídia, mas não posso", disse.

Segundo Claudete, além das 11 testemunhas de acusação e defesa já convocadas para depor, novas testemunhas poderão ser chamadas. "Se outros nomes forem citados, poderão ser chamados pelo juiz", afirmou. De acordo com a advogada, Pradella trabalha atualmente e está assustado. "Ele não é um bandido, está assustado, não só ele como os outros rapazes", afirmou Claudete.

Absolvição

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O advogado Ralfi Rafael da Silva, que defende Craid, disse acreditar que seu cliente será absolvido. "Acredito muito na absolvição de Gregory. Ele não teve participação no evento", afirmou.

"Não conheço a relação dele com o Pradella e não vou falar sobre o que aconteceu porque está tudo sob sigilo", afirmou o advogado. De acordo com Silva, Craid ficou deprimido "depois de tudo que aconteceu". "Ele tem noção do que o Enem significa para os estudantes do país", afirmou.

De acordo com o advogado, Craid faz o quinto ano de direito e "tenta tocar a vida". Craid é amigo de infância de Pradella. Ambos moram em Osasco, na Grande São Paulo.

As próximas audiências do caso ocorrem nos dias 2, 22 e 23 de setembro de 2010. Segundo a Justiça Federal, serão ouvidas mais sete testemunhas e, por último, os cinco réus.

A defesa de Filipe Ribeiro Barbosa, acusado de tirar a prova do Enem da gráfica, é feita pelo defensor público da União Guilherme Andrade. Segundo informações do defensor enviadas por e-mail ao G1, o rapaz trabalha e segue a vida "de forma normal". O advogado preferiu não adiantar a tese de defesa.

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Para o advogado Luiz Vicente Bezinelli, que defende o dono de pizzaria Luciano Rodrigues, apontado como intermediador do contato entre Felipe Pradella e Gregory Camillo Oliveira Craid com a repórter do jornal "O Estado de S.Paulo" a quem tentaram vender a prova, não há provas contra seu cliente. "Não há provas do envolvimento de Luciano no caso", disse ao deixar o fórum na quarta-feira.

Para o advogado Bezinelli, "as testemunhas ouvidas, com exceção de duas, foram verdadeiras. Outras duas mentiram durante o processo", afirmou.

Caso sejam condenados, os acusados podem pegar pena de dois a seis anos de prisão por violação de sigilo funcional e de dois a doze anos de prisão por corrupção passiva.