
Mais de um ano depois de adotar a linha dura contra os controladores como reação à crise aérea, o Comando da Aeronáutica já afastou 74 profissionais em todo o país, numa ação calculada para expurgar a geração de sargentos considerados lideranças negativas pelos oficiais.
Após meses de silêncio, os controladores tentam um apelo público: vão divulgar na internet documentos relativos às panes e falhas sistêmicas do controle aéreo. E, em nova ação contra a Força Aérea Brasileira (FAB) no Supremo Tribunal Federal (STF), acusam o comandante Juniti Saito e o ex-comandante Luiz Carlos Bueno de omissão e responsabilidade pelos acidentes dos vôos TAM 3054 e Gol 1907.
Entre os controladores afastados, 24 foram acusados de crime de motim pela paralisação em 30 de março de 2007, que fechou o espaço aéreo brasileiro. O restante foi desligado ou transferido para cargos longe das salas de controle.
Dirigentes das associações foram punidos também com prisões administrativas, geralmente por opiniões na imprensa sobre problemas no trabalho. A lista mostra que alguns afastados têm até mais de 20 anos de experiência.
A assessoria da FAB informou que os afastamentos não trazem maiores dificuldades no controle aéreo, onde a falta de pessoal foi o primeiro gatilho do apagão aéreo após o acidente da Gol, em setembro de 2006. Segundo a FAB, está sendo implementado um "estudo de substituição".
Na documentação que os controladores querem divulgar consta uma comparação entre o acidente da Gol e uma simulação de risco realizada no Cindacta-1 (Brasília), após uma quase colisão em 1996 que envolveu a aeronave do então presidente Fernando Henrique Cardoso. O advogado Roberto Sobral, que representa a Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), afirma que o relatório produzido na simulação recomendou providências após detectar falhas que poderiam levar a uma colisão (e que teriam contribuído para o acidente da Gol): dificuldade dos controladores de compreender o inglês, erro na autorização de vôo, problemas na comunicação de rádio e falhas na visualização radar.



