Frases que marcaram
Como se já não bastasse as confusões nos aeroportos, os passageiros ainda precisam conviver com declarações desastrosas das autoridades brasileiras:
"Relaxa e goza, porque você esquece todos os transtornos depois. É como o parto, depois esquece tudo."
Marta Suplicy, ministra do Turismo, em 13 de junho.
"Não há caos aéreo. Os problemas ocorrem pelo aumento do fluxo. É a prosperidade do país: mais gente viajando, mais aviões e mais rotas."
Guido Mantega, ministro da Fazenda, em 21 de junho.
"Eu tenho controlador gago, tenho controlador surdo. Como precisa de pessoal, eles são habilitados em condições precárias."
Carlos Trifílio, presidente da Federação dos Controladores.
"Acabou a brincadeira e quem não cumprir será afastado e enquadrado na legislação militar."
Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, sobre os controladores de vôo, em 21 de junho.
Curitiba O total de vôos em atraso sofreu pequena queda no fim da manhã de ontem, segundo informações da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Aeroportos do Nordeste estão entre os que apresentam os maiores porcentuais de atrasos. Dos 356 vôos programados em todo o país entre a 0h e as 8h30 de ontem, 109 tiveram atraso de mais de uma hora. O número corresponde a 30,6% do total. Outros 23 vôos foram cancelados (6,4%).
No Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais (Grande Curitiba), três pousos e cinco decolagens foram cancelados e 11 vôos tiveram atrasos acima de 60 minutos, de acordo com um boletim da Infraero com um balanço das operações da meia- noite ao meio-dia deste sábado. O terminal que registrou maior porcentual de atrasos foi o de Fortaleza (CE). Doze das 19 decolagens previstas nesse período ocorreram fora do horário marcado (63,1% do total).
Em Guarulhos, um em cada cinco vôos previstos até as 8h30 atrasaram mais de uma hora. Das 41 decolagens, oito ocorreram fora do horário previsto. Em Congonhas, na capital paulista, dois vôos atrasaram mais de uma hora.
Novela
A crise aérea do país já dura nove meses. O novo capítulo começou na tarde da última terça-feira, com uma suposta operação-padrão dos controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1. Eles teriam feito um protesto contra a decisão da Aeronáutica de prorrogar as investigações do motim realizado em 30 de março, quando todas as decolagens do país foram suspensas.
O clima de tensão entre controladores e governo piorou depois que foi anunciada prisão administrativa do presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), Carlos Henrique da Silva, na noite de quarta-feira. O sargento foi preso por ter concedido entrevista sem estar autorizado, o que configuraria uma transgressão disciplinar. Segundo a assessoria da Aeronáutica, na entrevista, o sargento teria feito críticas ao sistema de controle do tráfego aéreo brasileiro.
Da mesma forma, na última sexta-feira, foi decretada a detenção de Moisés de Almeida, vice-presidente da Febracta, por uma entrevista. Depois de receber do presidente Lula a ordem para jogar duro com a categoria, o comandante da Aeronáutica afastou ainda 14 sargentos controladores do Cindacta-1, de Brasília, a quem chamou de "lideranças negativas". Eles teriam se recusado a trabalhar, alegando problemas técnicos não encontrados nos equipamentos.
Para enfrentar uma possível reação da categoria, a Aeronáutica montou um esquema de emergência. Controladores de defesa aérea, que atuam exclusivamente na interceptação de aeronaves, podem ser convocados para controlar vôos comerciais. Nos trechos mais congestionados, vão ser criados corredores especiais de tráfego, como a ponte aérea Rio-São Paulo. Apesar das medida anunciadas, a própria Aeronáutica já admite que, nos primeiros dias úteis da próxima semana, o movimento intenso de vôos remarcados deve complicar a vida de quem tenta viajar.
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