Do alto do Morro do Bumba, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a vendedora Ana Paula Gomes dos Santos, de 33 anos, viu amigos e sonhos enterrados no maior deslizamento ocorrido no município, que terminou com mais de 40 vítimas e centenas de casas destruídas. Quase três meses após a tragédia, a sorte bateu na porta da vendedora. Ela comprou um bilhete de loteria de R$ 2,50 e foi premiada com R$ 100 mil.

CARREGANDO :)

Ana Paula trabalha em uma loja de artigos religiosos e há 2 anos joga semanalmente na loteria. Em meio às imagens de Nossa Senhora de Aparecida e de outros santos, ela sempre pedia uma ajudinha da fé para pagar as contas e conseguir uma nova moradia para a família.

A vendedora nasceu e foi criada no Morro do Bumba, onde mora em um terreno com duas casas, uma dela e a outra da mãe. As residências foram interditadas pela prefeitura de Niterói, que prometeu demolir as casas que estão sob ameaça de desabamento.

Publicidade

Assim que foi contemplada com o prêmio, Ana Paula usou R$ 20 mil para quitar dívidas e aplicou o restante em uma caderneta de poupança. Entre os planos da sortuda está usar o dinheiro para a compra de duas casas, pagar a faculdade de educação física para o filho de 17 anos e matricular a filha caçula, de 10 anos, em um curso de inglês.

Dinheiro atrai pretendentes

Loira, bonita e com dinheiro no bolso, Ana Paula revelou que muitos pretendentes passaram a cobiçá-la, mas ela garante que seu coração já está preenchido.

"Antes mesmo de ter esse dinheiro, eu já era paquerada, mas depois do prêmio, as pessoas passaram a comentar mais de mim. O que eu posso dizer é que meu coração está bem", contou Ana Paula.

O dinheiro é pouco para os sonhos da vendedora. Ela disse que tentou comprar duas casas no valor de R$ 80 mil em Niterói, mas não encontrou nenhuma oportunidade. Enquanto isso, ela continua morando na casa interditada e à espera da promessa da prefeitura, que na época das chuvas que atingiu a cidade, disse que iria construir residências populares para as vítimas.

Publicidade

"Em abril, foram vários políticos ao Morro do Bumba e eles prometeram várias coisas para a gente. Muitos moradores de lá já foram embora, então, preciso estar lá para cobrar aquilo que prometeram, como uma casa popular para os desabrigados pela chuva", disse Ana Paula.

A vendedora recebe um pouco mais de um salário mínimo na loja em que trabalha e mais R$ 400 de aluguel social. Mesmo assim, ela afirmou que é difícil encontrar uma casa com o valor definido pela prefeitura.

"Todas as casas que procurei pedem depósito de dois ou três meses de aluguel, além disso o valor das casas no Cubango ou no Fonseca, bairros próximos ao Bumba, custam em torno de R$ 600", revelou a vendedora.