Nos últimos três dias, o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana, ficou fechado por mais de 16 horas por causa dos nevoeiros. De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), dos 175 voos programados para esse período, 87 foram cancelados, ou quase 50% do total. Dos 20 voos programados para pousar no aeroporto ontem pela manhã, seis foram cancelados e um atrasou mais de 30 minutos. Entre as 23 partidas previstas, 16 foram canceladas e uma atrasou.
Os atrasos e cancelamentos não aconteceram só em Curitiba. O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, teve três voos cancelados ontem (13,6% do total). O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ficou fechado por uma hora e dois voos tiveram de mudar de rota.
No Afonso Pena, passageiros acreditam que a saída é não marcar nenhum embarque para os horários da manhã, nem em voos que vêm de outros estados. "Procuro agendar minhas viagens para o primeiro voo, às 6h45. Hoje [ontem], corri o risco e paguei por ele", disse o administrador de empresas Claudio Luiz Maia Valério, 50 anos. O voo deveria ter saído às 8h30 para São Paulo, mas ele só embarcou quatro horas depois.
O publicitário Sedenilson Machado, 35 anos, estava com a mulher o filho de 3 anos à espera de alguma informação. "Se não fosse um passeio, teria marcado a passagem para o período da tarde ou o início da noite. É irritante perder tanto tempo", desabafou.
A biomédica Mariana Rettori, 30 anos, deveria ter embarcado às 8h48 para Belo Horizonte, mas foi informada que seu voo sairia só às 12h20. Moradora em São Paulo, disse saber dos problemas de neblina em Curitiba. "Se soubesse que seria adiado, teria ficado no hotel."
Sem saída
Segundo o engenheiro civil Meron Kovalchuk, que trabalhou durante dez anos como controlador de voo do Afonso Pena, nada pode ser feito a curto prazo. Ele disse que seria necessário instalar o ILS3, equipamento que permite pousos e decolagens de aviões sem nenhuma visibilidade. Isso, no entanto, exigiria os tripulantes da aeronaves a passar por uma capacitação. "O ILS3 obriga que os pilotos façam um pouso em condições de neblina por mês. E nós não temos essa condição climática. Isso obrigará os pilotos a fazer treinamentos contínuos, o que é muito caro para empresas", diz. Atualmente, o Afonso Pena opera com o ILS2. A Infraero informou que o Ministério da Defesa e pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) estudam a possibilidade de instalar o ILS3 no Afonso Pena, mas não há nenhum cronograma definido.
O meteorologista Samuel Braun, do Instituto Tecnológico Simepar, explicou que o nevoeiro é um fenômeno comum nesta época do ano na Região Sul, principalmente nos dias de céu claro. "Durante a noite, as temperaturas caem e os níveis de umidade relativa do ar se elevam, provocando a condensação da umidade, o que gera o nevoeiro", disse. A neblina voltará a aparecer hoje, mas com intensidade menor. A aproximação de uma frente fria deve inibir a formação de neblina amanhã e no domingo, mas na segunda-feira ela deverá voltar com mais intensidade.
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