Especialistas que investigam as causas do acidente com o voo 447 da Air France, que desapareceu no Oceano Atlântico no final da noite de 31 de maio, ainda não conseguem explicar a tragédia. "No momento, nós não podemos explicar o acidente", reconheceu o chefe do Escritório de Investigação e Análises da França (BEA, na sigla em francês), Paul-Louis Arslanian. O líder da investigação disse que será necessário mais dinheiro e recursos para buscar as caixas-pretas da aeronave. O Airbus 330 partiu do Rio de Janeiro e seguiria até Paris quando caiu no Oceano Atlântico, matando todas as 228 pessoas a bordo.
Arslanian afirmou que é necessária uma terceira busca, mais meticulosa, pelos destroços e registros do avião antes do fim do ano. De acordo com ele, o custo da operação seria de dezenas de milhões de euros. Ainda não foi apontado o local exato do acidente. Além disso, não foram encontradas as caixas-pretas, sem as quais fica difícil determinar a causa exata da queda da aeronave.
O chefe do BEA afirmou que a fabricante Airbus se ofereceu a ajudar a financiar as buscas, mas é preciso ampliar os esforços. "Nós temos que mobilizar recursos. Não é apenas ter promessas de dinheiro, nós precisamos saber quem contribuirá financeiramente e como." Arslanian disse que até o momento foram recolhidas aproximadamente mil partes do avião do Atlântico, incluindo uma cauda quase intacta, uma cobertura do motor, coletes salva-vidas não inflados, cadeiras e utensílios de cozinha.
O BEA, junto com uma equipe internacional de especialistas, estuda os dados recolhidos para decidir quanto custaria uma nova etapa e o que seria necessário para ela. A segunda fase de buscas começou após as caixas-pretas pararem de emitir sinais, aproximadamente um mês após o acidente. O local aproximado da queda é quase 1.500 quilômetros distante da costa do nordeste brasileiro.
Um relatório preliminar indica que o avião atingiu as águas intacto e em alta velocidade. Os investigadores não encontraram indícios de explosão ou ataque terrorista. As autoridades brasileiras precisam ainda enviar informações detalhadas sobre as autópsias de 50 corpos recolhidos, ainda que o BEA trabalhe com informações gerais obtidas por autoridades francesas, disse Arslanian.
Pitots
Desde o acidente, os reguladores da segurança aérea na Europa recomendaram às companhias a troca de centenas de sensores de velocidade de modelos semelhantes ao da aeronave do voo 447. Uma série de mensagens automáticas enviadas pelo avião apontam para falha no funcionamento dos sensores de velocidade externa, conhecidos como pitots, que alguns especialistas acreditam ter enganado os computadores do avião, em meio a uma forte turbulência. Os problemas com os pitots não são incomuns, mas normalmente duram apenas alguns segundos, disse Arslanian.
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