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Visita internacional

Agenda de Bush para o álcool é bem diferente do que o Brasil quer

Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros | Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo
Caçado em campo, Dinelson reclama de violência dos zagueiros (Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo)

Brasília – O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chegou ontem à noite em São Paulo e hoje se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na bagagem, Bush traz uma pauta de negociação com um grande tema de interesse tanto do Brasil como dos EUA – o álcool (etanol). Mas os objetivos dos dois países com relação ao combustível renovável são bem diferentes. Enquanto os norte-americanos querem importar a tecnologia brasileira de produção de etanol, o Brasil pretende tentar convencer os EUA a reduzir as tarifas de importação do combustível brasileiro, hoje em R$ 0,30 por litro mais 2,5% sobre o valor total da transação.

A intenção do governo brasileiro em facilitar a entrada de produtos brasileiros, como o álcool, no mercado norte-americano ficou evidente poucas horas antes da chegada de Bush, quando Lula, em cerimônia oficial, pediu a redução dos subsídios "nefastos" dados pelo governo dos Estados Unidos aos agricultores americanos. O etanol dos Estados Unidos é produzido principalmente a partir do milho, cuja produção é subsidiada. Ou seja, o álcool brasileiro, além de enfrentar tarifas elevadas de importação, concorre no mercado americano com um etanol que é produzido de forma subsidiada.

A declaração de Lula foi dada durante encontro com o presidente da Alemanha, Horst Koehler, em Brasília. Koehler também ouviu um pedido para que a Europa corte subsídios à agricultura. O governo brasileiro defende que esse é um dos fatores necessários para o avanço da Rodada de Doha, tentativa de liberalização do comércio mundial iniciada em 2001 e que deveria ser concluída em 2004, mas que continua em impasse. Em troca da flexibilização agrícola dos países desenvolvidos, o Brasil e os países do G-20 (nações em desenvolvimento) fariam uma oferta para facilitar o acesso aos produtos industriais e serviços das nações ricas. "Se não houver acordo para possibilitar uma chance aos países pobres do planeta nós não iremos combater com muita facilidade nem a pobreza, nem a fome e muito menos o terrorismo", disse Lula.

A conclusão da Rodada de Doha inclusive é outro tema de interesse do Brasil que hoje deve ser posto à mesa no encontro entre Lula e Bush. Mas o tema, em princípio, não interessa aos EUA.

Outro ponto de divergência entre americanos e brasileiros deve ser a pretensa intenção de Bush de diminuir a influência do presidente venezuelano, Hugo Chávez, na América Latina. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, na quarta-feira afirmou que o Brasil "não tem relações excludentes", num claro recado à Casa Branca. Na terça, Bush havia dito a jornalistas latino-americanos que o estatismo de Chávez só trará miséria à região.

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