Os agentes foram agredidos com pedaços de pau e barras de ferro| Foto: Giuliano Gomes - Agência de Notícias Gazeta do Povo

Governador determinou a instauração de um inquérito para investigar se agentes penitenciários têm responsabilidade pela rebelião

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O agente penitenciário Antônio Luiz Alves e dois colegas foram mantidos reféns durante 19 horas pelos presos rebelados na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (19), Alves relatou os momentos de terror que viveu e contou que temeu por sua vida.

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O motim começou por volta das 21 horas de quinta-feira (14). Alves contou que ele e os colegas foram rendidos enquanto faziam a contagem dos presos. Eles já haviam percorrido 20 das 23 celas, quando os presos arrombaram as grades e se rebelaram. Alves disse que ele e os outros agentes foram agredidos com pedaços de madeira e estoques (arma artesanal feito com pedaço de barras de ferro).

Segundo o agente, os presos falavam o tempo todos que eles seriam mortos. "Nessa hora passou um filme de toda a minha vida na minha cabeça", afirmou. Os agentes sofreram ferimentos cabeça, braços, rosto e costas. Eles só foram libertados por volta das 16 horas de sexta-feira (15), quando terminou a rebelião.

Cinco detentos morreram durante a revolta e outro foi encaminhado com ferimentos graves ao hospital. Ele acabou não resistindo e morreu. Outros sete ficaram feridos. Na segunda-feira (18), o governador Roberto Requião (PMDB) determinou a instauração de um inquérito para investigar se agentes penitenciários têm responsabilidade pela rebelião.

A revolta destruiu parte da estrutura interna da PCE, como grades e portas, impedindo a manutenção de todos os presos no local. O governo, então, decidiu reativar o antigo presídio do Ahú, em Curitiba, que não era usado desde 31 de agosto de 2006. Cerca de 408 presos de menor perigo devem ser transferidos para a unidade.

Retirada da Polícia Militar

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Dois dias antes da rebelião, a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) retirou alguns policiais militares da penitenciária. Eles eram responsáveis por fazer a guarda armada do local, em apoio aos agentes, e estavam dentro da PCE desde 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. Segundo a Sesp, 20 PMs teriam sido transferidos.

Sem os PMs, ficam apenas no máximo 30 agentes penitenciários fazendo a segurança de cerca de 1,5 mil presos em 13 galerias que compõem o complexo de 40 mil metros quadrados de área construída.