Carros parados no meio do cruzamento. Motoristas que avançam o sinal vermelho. Veículos estacionados em fila dupla para pegar algum passageiro que sai do trabalho ou da escola. Quem enfrenta o horário de rush em Curitiba presencia com freqüência essas infrações, que complicam o trânsito da capital. Tanto problema "ambulante" significa trabalho extra para os agentes da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), certo? Nem tanto. Paradoxalmente, no período mais crítico do dia, os infratores têm sinal verde, já que a fiscalização diminui.
A reportagem da Gazeta do Povo saiu às ruas da capital na terça e na quarta-feira da semana passada, entre as 18 e as 19 horas. Procurava os fiscais do trânsito. Foi como tentar encontrar uma agulha no palheiro.
Nos dois dias de avaliação, foram percorridos 16 quilômetros por algumas das principais e mais movimentadas vias: Brigadeiro Franco, Iguaçu, Vicente Machado, Treze de Maio, Ubaldino do Amaral, Visconde de Guarapuava, Silva Jardim. Em apenas um ponto da cidade na esquina da Avenida Iguaçu com a Marechal Floriano havia fiscais da Diretran orientando os motoristas. A presença deles, no entanto, devia-se a um acidente com ônibus biarticulado que atravancava o fluxo de veículos nas duas vias. Em todos os outros trechos percorridos, não foi encontrado nenhum agente de trânsito.
A própria Diretran, órgão da prefeitura responsável pela gestão do tráfego na cidade, admite o problema. "É evidente que o efetivo não é o ideal para uma cidade como Curitiba", afirma o diretor do órgão, Gilberto Foltran. Segundo ele, a Diretran tem 140 agentes diretamente responsáveis pelo trânsito (há ainda outros 210 profissionais, a maioria mulheres, que fiscalizam o EstaR, estacionamento regulamentado). A cidade tem uma frota registrada no Detran de 971 mil veículos, o que dá uma média de quase 7 mil automóveis por fiscal.
Além disso, devido aos diversos turnos de trabalho, férias ou afastamentos por razões de saúde, dos 140 fiscais apenas 30 vão às ruas no horário de rush. Por isso, diz Foltran, no horário de pico o pessoal atende apenas situações específicas, como acidentes. "Temos um critério vinculado a emergências e risco", explica.
De acordo com o diretor, a partir do próximo mês, devido a uma reestruturação da escala de trabalho, a hora do rush vai contar com cerca de 50 agentes nas ruas. Ainda assim, a medida será paliativa. "O ideal seria termos um aumento expressivo do efetivo para podermos atender melhor à demanda", afirma Foltran. Para ele, o número adequado de agentes seria 900. Isso representa mais de seis vezes o atual efetivo. Não há, no entanto, previsão para contratação de mais agentes.
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