Inconformados com a situação do sistema prisional do Paraná, cerca de 160 agentes penitenciários de várias regiões paranaenses realizaram uma manifestação pública na manhã desta quarta-feira (27) em Cascavel, no Oeste do estado. Eles dizem que a tragédia ocorrida na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC) poderia ter sido evitada se a Secretaria de Justiça do Paraná (Seju) tivesse ouvido as denúncias feitas pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen). Cinco presos morreram e sete estão desaparecidos após uma violenta rebelião iniciada na manhã de domingo (24) e que durou 45 horas.
De acordo com Anthony Johnson, presidente do sindicato, os agentes estão trabalhando com insegurança e muito medo. Segundo ele, há riscos de novas rebeliões nas unidades para onde os presos foram transferidos após a destruição da PEC. "Queremos contratações e investimentos, só isso. Não estamos nem falando em salário", disse. O sindicato deve realizar uma assembleia nos próximos dias em Curitiba e não descarta a possibilidade de uma paralisação da categoria.
Com faixas e usando coletes de trabalho, os agentes penitenciários se concentraram na Praça do Migrante, de onde seguiram em passeata até a Câmara de Vereadores onde aconteceu uma reunião que pediu mais investimentos por parte do governo na segurança pública. "Não é mole não, o Paraná está pior que o Maranhão", cantavam os manifestantes durante os protestos.
A frase de efeito fazia referência ao presídio de Pedrinhas (MA), onde vários presos foram decapitados em atos violentos neste ano. Ironicamente, a secretária de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, apresentou ao governo do Maranhão o modelo de gestão penal no Paraná, considerado como "experiência bem-sucedida". Jairo Ferreira Filho, advogado do Sindarspen, disse que na época achou "engraçado" o Paraná ser apresentado como modelo porque o sindicato sabia da realidade do sistema. "Nem a própria casa ela conseguiu arrumar e foi querer dar palpite na casa dos outros", afirmou.
Rebeliões
O Sindarspen alerta para possíveis novas rebeliões em unidades prisionais do Paraná devido a superlotação dos presídios. Nesta quarta-feira, a mãe de um preso que preferiu não se identificar disse que, na noite de terça-feira, o filho ligou de dentro do presídio chorando e com medo de morrer. Segundo ela, o rapaz contou que integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) haviam feito uma reunião na unidade prisional e decidiram por novas rebeliões até o final de semana em unidades de Curitiba, Foz do Iguaçu e Maringá. O filho dela está preso em uma dessas unidades, mas por questão de segurança ela preferiu não informar em qual delas. "Estou com medo, muita gente pode morrer", diz a mãe.