Márcio Silvestre se casou há cinco anos, em maio, popularmente conhecido como o mês das noivas. Como muitos casamentos, não deu certo. Anteontem, Silvestre assinou o divórcio. O estilista não tinha como saber, mas ele e a ex-mulher escolheram se separar no mês campeão de divórcios tanto no Estado de São Paulo como no Brasil, com quase 10% do total registrado por ano nos cartórios.
E agosto, apesar de recordista, dá o pontapé para o que pode ser chamado de “período da separação”: levantamento em cartórios paulistas, entre 2007 e 2014, mostra que o índice de divórcios aumenta 21% no segundo semestre em relação ao primeiro. No País, esse índice é de 16,4%.
“A gente começou a especular e a tentar extrair uma explicação das pessoas que se divorciam. Não conseguimos obter uma resposta direta, mas percebemos recorrência na menção à questão econômica”, afirma Andrey Guimarães Duarte, diretor da seção São Paulo do Colégio Notarial do Brasil, entidade que representa os cartórios. “No início do ano, há mais encargos e impostos a pagar. Depois que isso passa, as pessoas começam a se organizar e a levar em frente o que já vinham tentando, e a decisão de se separar amadurece.”
Do ponto de vista psicológico, a justificativa pode estar nos eventos de fim de ano. “Ninguém resolve se separar de uma hora para outra. O que eu percebo é que elas (as pessoas) se dão um prazo para resolver as situações e pode ter a ver com o término do ano. A função do tempo cronológico é organizar a nossa vida”, sugere a coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade do Programa de Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Rosa Maria Macedo.
Esse também é o palpite de Aurélio Melo, professor de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Talvez (influenciem) as circunstâncias de fim de ano, época de Natal, em que as pessoas tendem a se deprimir um pouco mais e, ao mesmo tempo, a querer finalizar algumas coisas. O começo do ano vem com o desejo de renovar. A gente tenta pegar carona nas datas para dar força à si mesmo.”
Mas a que se deve o destaque das estatísticas em agosto? Psicólogos e tabeliães não têm uma explicação para esse fenômeno. Ceneide Maria de Oliveira Cerveny, professora da PUC-SP e especialista em terapia familiar, reafirma o que o brasileiro tende a acreditar desde criança. “No Brasil todo mundo diz que agosto é um mês ruim para tudo.”
Apelando para a astrologia, talvez exista um motivo para crer nesse senso comum. “Chega agosto e as bruxas ficam soltas, o mês todo é problemático”, informa o astrólogo Antonio Faciollo Neto. “Neste mês, o sol passa pela sétima casa do Brasil, e ela envolve o setor de casamentos e de associações. Se o setor não estiver bem, os problemas matrimoniais vão se intensificar”, explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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