Cerca de 65% dos casos de maus-tratos contra crianças atendidos pelo Hospital Pequeno Príncipe têm familiares ou conhecidos próximos como agressores. A constatação é da psicóloga Daniela Carla Prestes, que trabalha nessa área da instituição há 12 anos. "Dentro de casa é mais fácil de abafar o caso", ressalta.
Segundo ela, a violência doméstica está diretamente relacionada a situações de desestrutura familiar. "A agressão ocorre quase sempre numa família que não funciona da maneira adequada, que não possui um pai e uma mãe que se portem como devem, que não se preocupam com a formação dos filhos."
É nessa situação em que se encaixa a morte de Gabriela. Além de ser filha de pais separados, a menina teve de enfrentar a "concorrência" com a madrasta. Daniela deduz que uma série de fatores fora possíveis traços de "perversão" podem ter contribuído para que a madrasta da garota, Maria José Rodrigues Moreira, cometesse o crime.
O primeiro deles seria o ciúme primário do marido, Valdeci Gonçalves, que mantinha uma relação bastante afetuosa com a filha. Além disso, havia o fato de ela estar grávida. "Pacientes com certos traços psicopatológicos não vêm a vítima das agressões como uma pessoal igual a ela, mas como uma coisa inferior. Logo ela teria um filho e pode ter decidido eliminar a menina, que só dividiria ainda mais a atenção do marido", explica.
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