Planaltina (DF), quinta-feira passada. Érika, de 14 anos, é morta a tiros, na rua. Para a polícia, crime passional. Uma semana antes, em Salvador (BA), Drielle, de 18, grávida, é feita refém pelo ex-marido. São Paulo, dia 22 passado, Orlando mata a ex-namorada, Monique, de 15, e deixa o corpo num porta-malas. Em Sorocaba (SP), Camila, de 16, é morta com um tiro na cabeça pelo ex-namorado. São alguns casos que apareceram no noticiário desde a morte de Eloá Pimentel, de 15 anos, que passou 100 horas sob a mira do revólver do ex-namorado Lindemberg Alves, de 22.
Em Curitiba, o último caso que ganhou destaque ocorreu na sexta-feira. Uma adolescente de 17 anos foi levada à força pelo ex-companheiro Maicon Alexandre Andrade, 21 anos. O rapaz estaria armado e ficou com a estudante em seu poder por quatro horas. Felizmente, esse caso não resultou em tragédia graças à atitude inteligente da moça: deu esperanças ao rapaz, que a soltou sem nenhum ferimento.
É o que costumam esperar os agressores. "A tropa de elite das polícias está apta para negociar com traficantes, seqüestradores, mas não para trabalhar uma questão emocional. Porque não é uma negociação de troca, é uma negociação de poder. No caso de Eloá, Lindemberg só queria uma coisa: que ela se submetesse a ele", diz Aparecida Gonçalves, subsecretária de Enfrentamento da Violência contra a Mulher da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, ligada à presidência.
Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde, 29% das brasileiras sofrem ou já sofreram violência física ou sexual de parceiros ao longo da vida. Nas regiões rurais, o índice sobe para 37%. A última pesquisa realizada em hospitais de São Paulo e Pernambuco indica que, entre grávidas, as agressões físicas, sexuais e psicológicas ultrapassam 30%.
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