Ponta Grossa e Cascavel O produtor Sylnei Mascarenhas Caldeira, de Ponta Grossa, acumula dívidas das duas últimas safras. Já demitiu um funcionário e pediu ao banco um prazo maior para pagar os empréstimos. "Cheguei ao limite", diz. Ele não sabe o que fará com a colheitadeira ainda nova no barracão da fazenda. Há dois anos, comprou-a por R$ 400 mil, que seriam pagos com uma entrada de R$ 140 mil e mais cinco parcelas de R$ 65 mil. Na época, as parcelas representavam 1,2 mil sacas de soja. Hoje, a prestação vale 2,6 mil sacas. A primeira ele conseguiu pagar em setembro, mas teme não poder fazer o mesmo com a segunda, que vence em seis meses.
Sem recursos para a safra de inverno passada, Caldeira buscou mais financiamento, dívida que foi rolada para ser paga em abril deste ano. Para a safra 05/06, ele emprestou mais R$ 300 mil e ainda não sabe o que fará quando vencer as parcelas, no próximo mês, dos dois financiamentos. A soja ainda cresce nos 500 hectares de plantação, mas ele já estima uma quebra de 30% na produção, por causa da chuva de granizo que atingiu a área no começo de janeiro.
Em Cascavel (oeste do estado), o agricultor Ivan Tascheto enfrenta sua terceira frustração de safra consecutiva. Os índices de quebra com a seca variam entre 35% (soja) e 50% (milho). As dívidas que somam R$ 200 mil e foram contraídas há dois anos, quando agricultura vivia ótimo período, com câmbio favorável são fator de intranqüilidade para toda a família, que vive numa área de 33 hectares. Tascheto comprou um trator, um pulverizador e uma plantadeira. No ano passado, a dívida junto ao Banco do Brasil foi prorrogada, para ser quitada neste ano, com a safra de verão.
"Não tenho como pagar os financiamentos porque o que eu vou tirar com a venda dos produtos mal dá para pagar os custos dos insumos. Já ofereci o maquinário, mas ninguém tem dinheiro para assumir a minha dívida, nem para comprar parte da área."
O agricultor Celso Balbinoti, também de Cascavel, é outro aflito com a crise na agricultura. Ele diz que não tem condições de pagar o financiamento de R$ 40 mil do trator, junto ao Banco do Brasil. O agricultor mora com a mulher e o filho numa propriedade de 15 hectares, onde são cultivados soja e milho, além da criação de frangos e bovinocultura leiteira. "É a maior crise que enfrentei na vida", resume Balbinoti.
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