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Nonô Pereira não foi o primeiro agricultor a usar o sistema, mas foi seu maior difusor por 40 anos. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Nonô Pereira não foi o primeiro agricultor a usar o sistema, mas foi seu maior difusor por 40 anos.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Maior difusor da tecnologia de plantio direto na palha, o agricultor Manoel Henrique “Nonô” Pereira morreu aos 76 anos na manhã desta terça-feira (08), em Ponta Grossa. Ele lutava contra o câncer.

Nonô Pereira desenvolveu o plantio direto em suas lavouras, em Palmeira, e difundiu a prática percorrendo eventos em 26 países. O sistema dispensa revolvimento do solo, melhorando a fertilidade e evitando problemas como o assoreamento dos rios.

O agricultor atuou 40 anos como incentivador da agricultura conservacionista, que hoje abrange 32 milhões de hectares no Brasil, principalmente áreas de soja e milho.

O velório ocorre em Ponta Grossa, no cemitério Campos Gerais. O corpo será cremado às 10 horas desta quarta (09).

Amigo de Nonô e também precursor dessa tecnologia, Franke Dijkstra, de Carambeí, o define como o “embaixador do plantio direto”, que ajudou o país a elevar a produção de grãos de 60 milhões para mais de 200 milhões de toneladas de grãos ao ano.

“[Na década de 1970] a erosão era muito forte. Nonô percorria as lavouras com uma Brasília zero quilômetro, e perdeu o cano de escape. E em poucos anos tudo mudou”, relata. “Nonô Pereira teve preocupação em ajudar a agricultura, as futuras gerações.”

A morte foi lamentada também por autoridades como o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “Nonô foi um dos formuladores da nova revolução verde, um dos protagonistas do movimento de reconstrução da agricultura depois do ciclo do café”, disse. “O plantio direto é a base do atual desempenho em produtividade, e da capacidade da agricultura de perpetuar resultados.”

Nonô Pereira foi três vezes presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FebraPDP). A duas primeiras quando a entidade se firmava (1996-1998 e 1998-2000). Voltou ao posto entre 2008 e 2010, quando o plantio direto já havia se consolidado em todas as regiões agrícolas do país como sistema mais produtivo para o cultivo.

O sistema plantio direto – hoje conhecido pela sigla SPD, que substitui a antiga designação de plantio direto na palha, ou PDP – começou a ser usado no Brasil em 1971. Já tinha sido testado em países como Estados Unidos e Inglaterra, onde é chamado de no-till (sem arar).

Conforme a FebraPDP, o produtor Herbert Arnold Bartz foi quem começou a usar o sistema, em Rolândia, Norte do Paraná, como estratégia para combater a erosão.

Três anos depois, o sistema já era adotado nos Campos Gerais e lideranças como Dijkstra e Nonô Pereira passaram a atuar como incentivadores da tecnologia. Com um sorriso franco no rosto, Nonô passou a divulgar o sistema. Daí ser lembrado como principal difusor da tecnologia.

Em sua propriedade, em Palmeira, ele montou um museu com máquinas e registros históricos sobre a tecnologia. Para Nonô Pereira, a agricultura não era apenas mais uma atividade produtiva, mas uma das profissões mais importantes do mundo. O homem do campo “é essencialmente um produtor de alimentos”, defendia.

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