Faz pouco mais de um século que a água encanada virou realidade no Paraná. Somente em 1908, com a inauguração do Reservatório do Alto São Francisco, em Curitiba, é que as pessoas mais ricas da cidade tiveram condições de fazer ligações de água para suas casas. Esses foram os primeiros beneficiados pela "modernidade". Ainda assim, a maior parte dos 50 mil moradores era obrigada a recorrer a 28 torneiras públicas instaladas em pontos estratégicos do município para obter esse líquido tão precioso.
A água vinha por gravidade, percorrendo 38 quilômetros desde os mananciais na Serra do Mar até o reservatório, que funciona até hoje com capacidade para armazenar 7 milhões de litros de água e é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual. Os mananciais da serra deixaram de ser utilizados para abastecimento nos anos 40. Atualmente, o São Francisco distribui água oriunda do Reservatório Cajuru.
Os mananciais da serra eram formados por 17 reservatórios de água, sendo o principal deles o Carvalho. Localizado a 10 quilômetros de Piraquara, ele está inserido na área de proteção estadual da Serra do Mar. Segundo o técnico de Patrimônio Histórico da Sanepar, Manoel César Santos, durante o período em que esteve em atividade, havia operários que habitavam permanentemente na localidade. "Havia cinco casas e uma escola para facilitar a manutenção", conta.
Tratamento
Durante todo esse período, a água ofertada para a população não era tratada. Somente em 1945 é que foi inaugurada a primeira Estação de Tratamento do Paraná, no bairro Tarumã. Nesse período a população da cidade era de 240 mil. O espaço foi desativado em 2004 e está cadastrado como Unidade de Interesse de Preservação no munícipio de Curitiba.
Naquele mesmo ano, Santos explica que foram construídos o Reservatório Cajuru e a barragem de captação do Rio Piraquara. "Eram iniciativas que atendiam a um projeto de ampliação do sistema de abastecimento de água da cidade", afirma. Conhecido como "Caixa dágua do Alto da XV", o reservatório do Cajuru funcionou até meados de 1995 e também é unidade de interesse de preservação.
A evolução do fornecimento de água no estado se consolida a partir do fim da década 1970. Um dos marcos que simbolizam esse avanço é a Represa do Cayuguava (ou Caiguava), mais conhecida como Reservatório Piraquara I, inaugurada em 1979. A estrutura tem capacidade para armazenar 23 bilhões de litros de água para abastecer a capital do estado.
Esgoto
Somente em 1965 a primeira Estação de Tratamento de Esgoto foi inaugurada no Paraná, em Londrina. As obras duraram aproximadamente cinco anos. Antes, porém, Curitiba passou por obras de melhorias no saneamento básico. Após a cidade ser tomada por um surto de tifo em 1917, o engenheiro Saturnino de Braga foi contratado para elaborar um projeto. Entre as propostas apresentadas estava a construção de novos canais de rede de esgoto, a implantação de um sistema de elevação elétrica e a reforma das instalações domiciliares. Foram proibidos poços e fossas na área urbana de Curitiba. O projeto foi realizado ao longo da década de 1920.
Tratamento
A segunda Estação de Tratamento de Água (ETA) no Paraná foi inaugurada em 1969, já sob o crivo da Sanepar (que passou a existir em 1964). A ETA Iguaçu puxava água dos rios Itaqui e Pequeno para abastecer uma população de 780 mil pessoas em parte das cidades de São José dos Pinhais, Piraquara e Curitiba.