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Apenas com a inauguração do Reservatório do Alto São Francisco, em 1908, é que as pessoas mais ricas de Curitiba passaram a receber água encanada | Fotos: Divulgação/Sanepar
Apenas com a inauguração do Reservatório do Alto São Francisco, em 1908, é que as pessoas mais ricas de Curitiba passaram a receber água encanada| Foto: Fotos: Divulgação/Sanepar

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População buscava água em bebedouro público e com pipeiros

Antes de 1908, quando foi inaugurado o primeiro sistema de abastecimento, conseguir água era uma odisseia na capital do Paraná. A primeira obra visando à oferta de água para os moradores da cidade, sem contar os poços artesianos, comuns nas casas, foi o bebedouro do Largo da Ordem, inaugurado em 1853. Naquele ano, Curitiba passou a ser a capital da província e obras de infraestrutura urbana, entre elas o abastecimento público de água, se tornaram uma necessidade.

Em 1871, os irmãos André e Antonio Rebouças fizeram a primeira canalização de água potável na capital. Antonio, ao passar perto de uma fonte onde é a atual Praça Rui Barbosa, em Curitiba, provou e aprovou a água. O problema era levar o líquido até o centro da cidade. Rebouças mandou comprar canos de cobre no Rio de Janeiro e sistematizou a canalização até o Largo da Ponte – hoje Praça Zacarias –, por meio de 21 tubos de cobre soldados uns aos outros. As torneiras do chafariz vieram da Europa.

Os pipeiros, que conduziam carroças com pipas, pegavam a água e as vendiam nas casas. O chafariz dos Rebouças, depois de desativado no começo do século 20 com a captação de água nos mananciais da Serra e com o reservatório no Alto do São Francisco, foi para o Museu Paranaense e posteriormente voltou à Praça Zacarias.

Conservação

Sanepar começou a preservar bens em 1989

O coordenador de Patrimônio Histórico da Sanepar, Juno Lima, conta que desde 1989 a Sanepar passou a se preocupar em resgatar e preservar a história da distribuição de água e do saneamento básico no Paraná. "Para isso, a gente atua tanto na preservação física quanto no resgate da memória", afirma. Segundo ele, o fato de alguns desses empreendimentos serem tombados garante a preservação histórica. "Aumenta nossa responsabilidade, mas há uma segurança de que esses bens não irão desaparecer", relata.

Há um projeto que pode demolir algumas residências de operários da década de 1940 onde hoje funciona o laboratório de análises químicas da empresa, no Tarumã. As casas formavam uma vila de operários e podem dar lugar a um novo empreendimento. O projeto ainda está em fase inicial de análise e não há certeza se realmente será executado.

  • O Reservatório Carvalho era um dos 17 que funcionavam nos manan­ciais da Serra do Mar e abasteciam a capital paranaense

Faz pouco mais de um século que a água encanada virou realidade no Paraná. Somente em 1908, com a inauguração do Reservatório do Alto São Francisco, em Curitiba, é que as pessoas mais ricas da cidade tiveram condições de fazer ligações de água para suas casas. Esses foram os primeiros beneficiados pela "modernidade". Ainda assim, a maior parte dos 50 mil moradores era obrigada a recorrer a 28 torneiras públicas instaladas em pontos estratégicos do município para obter esse líquido tão precioso.

A água vinha por gravidade, percorrendo 38 quilômetros desde os mananciais na Serra do Mar até o reservatório, que funciona até hoje – com capacidade para armazenar 7 milhões de litros de água – e é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual. Os mananciais da serra deixaram de ser utilizados para abastecimento nos anos 40. Atualmente, o São Francisco distribui água oriunda do Reservatório Cajuru.

Os mananciais da serra eram formados por 17 reservatórios de água, sendo o principal deles o Carvalho. Localizado a 10 quilômetros de Piraquara, ele está inserido na área de proteção estadual da Serra do Mar. Segundo o técnico de Patrimônio Histórico da Sanepar, Manoel César Santos, durante o período em que esteve em atividade, havia operários que habitavam permanentemente na localidade. "Havia cinco casas e uma escola para facilitar a manutenção", conta.

Tratamento

Durante todo esse período, a água ofertada para a população não era tratada. Somente em 1945 é que foi inaugurada a primeira Estação de Tratamento do Paraná, no bairro Tarumã. Nesse período a população da cidade era de 240 mil. O espaço foi desativado em 2004 e está cadastrado como Unidade de Interesse de Preservação no munícipio de Curitiba.

Naquele mesmo ano, Santos explica que foram construídos o Reservatório Cajuru e a barragem de captação do Rio Piraquara. "Eram iniciativas que atendiam a um projeto de ampliação do sistema de abastecimento de água da cidade", afirma. Conhecido como "Caixa d’água do Alto da XV", o reservatório do Cajuru funcionou até meados de 1995 e também é unidade de interesse de preservação.

A evolução do fornecimento de água no estado se consolida a partir do fim da década 1970. Um dos marcos que simbolizam esse avanço é a Represa do Cayuguava (ou Caiguava), mais conhecida como Reservatório Piraquara I, inaugurada em 1979. A estrutura tem capacidade para armazenar 23 bilhões de litros de água para abastecer a capital do estado.

Esgoto

Somente em 1965 a primeira Estação de Tratamento de Esgoto foi inaugurada no Paraná, em Londrina. As obras duraram aproximadamente cinco anos. Antes, porém, Curitiba passou por obras de melhorias no saneamento básico. Após a cidade ser tomada por um surto de tifo em 1917, o engenheiro Saturnino de Braga foi contratado para elaborar um projeto. Entre as propostas apresentadas estava a construção de novos canais de rede de esgoto, a implantação de um sistema de elevação elétrica e a reforma das instalações domiciliares. Foram proibidos poços e fossas na área urbana de Curitiba. O projeto foi realizado ao longo da década de 1920.

Tratamento

A segunda Estação de Tratamento de Água (ETA) no Paraná foi inaugurada em 1969, já sob o crivo da Sanepar (que passou a existir em 1964). A ETA Iguaçu puxava água dos rios Itaqui e Pequeno para abastecer uma população de 780 mil pessoas em parte das cidades de São José dos Pinhais, Piraquara e Curitiba.

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