
Um estudo feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), publicado recentemente, revela que 33 municípios do Paraná vão precisar de novas fontes de água para o abastecimento público até 2015 incluindo algumas das maiores regiões metropolitanas do estado, como as de Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Cascavel. O investimento é necessário para evitar futuros déficits no abastecimento público, principalmente nos períodos de pouca chuva.
Neste cenário, seis cidades da região metropolitana da capital (RMC) vão necessitar de novos mananciais (rios, aquíferos, poços, reservatórios) e outras sete precisarão ampliar os sistemas existentes. No total do estado, além das 33 novas fontes, 113 municípios devem ampliar seus sistemas até 2015 para garantir água o ano todo.
Dos 399 municípios paranaenses, 344 (86%) são atendidos pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), enquanto os sistemas das demais cidades são operados pelas próprias prefeituras. Apenas o sistema de Paranaguá é administrado por empresa privada. A maior parte da água usada para o abastecimento desses municípios é retirada de mananciais subterrâneos (aquíferos e poços 56%), enquanto 22% das sedes urbanas são atendidas por mananciais superficiais (rios e reservatórios). Outros 22% têm regimes mistos (superficiais e subterrâneos).
Desabastecimento
Para Elizabeth Juliatto, especialista em recursos hídricos da ANA, não há risco de haver desabastecimento de água nas cidades paranaenses. "As operadoras de saneamento têm tomado todas as providências. Foram feitos estudos de disponibilidade hídrica, por isso se constatou a necessidade de novos mananciais. De qualquer forma, ao longo dos próximos anos, vamos ter um crescimento populacional e será preciso ter água para abastecer essa população", esclarece.
Os dados enviados à agência são das próprias companhias de saneamento, geralmente responsáveis por estudar e explorar os mananciais existentes. De qualquer forma, segundo Juliatto, o levantamento é importante para dar aos ministérios do Planejamento e das Cidades financiadores do saneamento no país indicativos para priorizar investimentos.
Péricles Weber, diretor de Meio Ambiente da Sanepar, também afasta a possibilidade imediata de faltar água nas cidades paranaenses, mas observa que a água de boa qualidade não é um produto tão abundante no Paraná. "Não diria que corremos o risco de desabastecimento, mas a ONU considera que cada habitante deveria ter à disposição 1,7 mil metros cúbicos (m³) de água ao ano. Na RMC, por exemplo, esse índice é de apenas 500 m³ por habitante/ano. Isso significa que temos uma situação de escassez hídrica. Ou seja, estamos tirando o máximo de água disponível", explica.
Segundo Weber, em regiões como Curitiba e Cascavel, onde os rios são pequenos e há concentrações populacionais elevadas, é preciso buscar água de fontes mais longínquas, a um custo operacional mais alto. "Como sociedade, vamos ter que tomar ações para o gerenciamento das bacias hidrográficas para não comprometer a disponibilidade hídrica. A água não vai acabar, mas você compromete muitas vezes essa disponibilidade por causa da poluição. Pode haver água em quantidade, mas não em qualidade para poder usar."
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Interatividade:
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