A implantação do metrô curitibano está longe de sair do papel. E pode ser que nem saia. A proposta atual apresentada ainda na gestão do então prefeito Luciano Ducci (PSB) está sendo totalmente revista por uma comissão técnica. Até o fim deste semestre, o grupo deve apresentar um parecer quanto a viabilidade da obra. O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Sérgio Povoa Pires, disse que, por enquanto, não há nada definido.
"Estamos discutindo para ver que rumo [o projeto] vai tomar. Por enquanto, não tem que vai sair, nem que vai deixar de sair. (...) Não está nada garantido. Nem que sim, nem que não", disse o presidente, após audiência pública sobre o assunto, realizada na Câmara de Curitiba, na tarde desta quarta-feira (3).
O projeto está sendo revisto por uma comissão nomeada pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT) em janeiro deste ano e integrada pelo Ippuc, Urbanização Curitiba S/A (Urbs) e secretários municipais. A proposta também vem sendo debatida com a sociedade civil, por meio de audiências públicas.
Nesta segunda rodada de debates, no entanto, o projeto atual recebeu uma série de críticas. O diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Valter Fanini, disse que a proposta está "encalhada", porque não há projeção de demanda futura quanto ao modal. A estimativa seria levanda por meio de uma pesquisa origem e destino, a ser realizada pela Urbs.
"Não se sabe qual a demanda atual e qual será daqui 20 anos. Um projeto de metrô deve ser pensado a longo prazo, porque, uma vez implantado, é praticamente impossível alterar seus terminais", disse.
A presidente do Instituto Reage Brasil, Clair Martins, questionou pontos do projeto, que prevê a execução e exploração da obra por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). Segundo ela, 74% do dinheiro usado na construção do metrô curitibano sairiam de cofres públicos e apenas 26% viriam da iniciativa privada. No entanto, a empresa vencedora da licitação teria direito a explorar o sistema por um período de 25 a 30 anos.
"Do jeito que está, vamos praticamente entregar o metrô para a empresa que vencer a licitação", disse Clair.
Necessidade
Se por um lado alguns pontos do projeto ainda estão obscuros ou precisam ser revistos, por outro Curitiba não pode mais adiar o debate de políticas que melhorem a mobilidade na cidade e na região metropolitana. Para o professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR), Fábio Duarte, o modelo da capital paranaense está próximo da saturação, por conta da evolução da frota de veículos a índices bem maiores que a progressão da população.
Curitiba tem 1.751.907 de habitantes, dos quais 1.256.272 eram eleitores, de acordo com dados de 2011, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). No mesmo ano, a cidade tinha 1.240.632 veículos: quase um por eleitor. "Os senhores vão ter que decidir se vão legislar para carros ou para pessoas", disse o professor aos vereadores, durante a audiência pública.
Dinheiro
Há um mês, Fruet disse que a implantação do metrô dependeria de um subsídio anual de R$ 190 milhões a R$ 200 milhões. Havia indefinição quanto a quem (município, estado ou União) bancaria esta despesa.
Em junho do ano passado, ainda na gestão Ducci, a prefeitura lançou o edital de licitação da obra, avaliada em R$ 2,33 bilhões. A previsão era de que a operação do sistema custaria R$ 170 milhões por ano, com base em uma tarifa técnica por passageiro de no máximo R$ 1,81. O valor correspondia à soma do custo operacional (R$ 1,15 por passageiro), que foi reduzido devido ao repasse da verba de R$ 1 bilhão a fundo perdido pelo governo federal, com o lucro da concessionária responsável pela operação (R$ 0,66 por passageiro).
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