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Ainda no papel, metrô curitibano já custou R$ 23,3 milhões em dinheiro público

 | Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo
(Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo)

Se o prefeito eleito Rafael Greca (PMN) estiver certo e o dinheiro prometido pelo governo federal para a construção do metrô de Curitiba for mesmo “história da carochinha”, estará encerrada – ao menos por ora – a epopeia em que se transformou a implantação do modal de alta capacidade no transporte público de Curitiba.

O Ministério das Cidades, responsável pelo convênio que garantiria R$ 1,8 bilhão do governo federal ao metrô de Curitiba, não desmente o prefeito eleito. Procurado pela reportagem, o órgão não confirmou se há recurso disponível para a obra.

Para além da frustação dos curitibanos, que há tempos escutam promessas sobre o novo modal, nos últimos 15 anos, o metrô já consumiu mais de R$ 23,3 milhões em recursos públicos – em valores atualizados pela inflação – apenas em projetos e estudos. E, embora já tenha tido até uma logomarca , o metrô nunca foi além de um projeto.

A maior parte desse montante foi dispendida pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) em 2002 – R$ 6,9 milhões, em valores da época, ou R$ 16,4 milhões já contado o reajuste da inflação. O dinheiro pagou a “contratação de projetos básicos de engenharia”, informa a prefeitura. Então comandada por Cassio Taniguhchi (DEM), a administração municipal pensava em usar o trecho urbano da BR-116 – a atual Linha Verde – para unir o Pinheirinho ao Atuba com trens elevados. A dificuldade em obter financiamento, porém, e disputas judiciais sobre a licitação mandaram o projeto para as gavetas do Ippuc.

Em 2009, sob o comando de Beto Richa (PSDB), a prefeitura aproveitou dinheiro oferecido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU ) para reiniciar estudos de viabilidade para implantação do metrô. Daí surgiu o projeto que é a origem da proposta atual – uma linha ligando Pinheirinho ao Santa Cândida usando como base do trajeto o percurso dos ônibus expressos.

Da CBTU, uma estatal federal, vieram à época R$ 2,8 milhões. Esse dinheiro pagou R$ 2,4 milhões em “estudos e projetos de engenharia e R$ 376 mil numa avaliação de impacto ambiental, relatou a prefeitura em 2015 em resposta a pedido de informações apresentado pelo vereador Jorge Bernardi (Rede). O valor atualizado seria R$ 6,4 milhões.

Na resposta a Bernardi, a prefeitura elenca ainda um estudo complementar de impacto ambiental e seu respectivo relatório, contratados a R$ 312 mil. Na avaliação feita pela gestão Gustavo Fruet (PDT) ao vereador, esse dinheiro – acrescido de R$ 7,1 mil que o município tirou do bolso em 2009 (para fechar a conta) – seria o único prejuízo que a cidade teria se o metrô desse em nada. O cálculo da administração do pedetista não leva em conta o valor gasto em 2002 pelo Ippuc, que é vinculado à administração municipal.

Há, entretanto, outros valores a serem considerados na conta. A começar pela conclusão de que, municipal ou não, o dinheiro gasto no metrô é público. Mais: há uma série de gastos municipais difíceis de serem auferidos, como viagens de representantes da prefeitura a Brasília para tratar do projeto, horas de trabalho de servidores, além da estrutura montada para as três vindas da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) a Curitiba para anunciar a chegada de verba para o metrô.

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