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Investigações

Airbus da Air France não foi destruído durante o voo, diz relatório francês

Alain Bouillard, chefe dos investigadores, apresentou o relatório preliminar sobre o acidente do voo 447. O Airbus teria sido destruído pelo impacto com a água | Benoit Tessier/Reuters
Alain Bouillard, chefe dos investigadores, apresentou o relatório preliminar sobre o acidente do voo 447. O Airbus teria sido destruído pelo impacto com a água (Foto: Benoit Tessier/Reuters)

O relatório da BEA (Escritório de investigações e análises, na sigla em francês), órgão do governo francês que investiga o acidente do voo 447, informa que o Airbus A330 da Air France que caiu sobre o Oceano Atlântico com 228 a bordo não foi destruído durante o voo.

Mas os investigadores franceses disseram que ainda estão "longe" de descobrir o que provocou a queda da aeronave.

Autoridades francesas divulgaram nesta quinta-feira (2) o relatório preliminar sobre o acidente, que matou 228 pessoas que partiram do Rio de Janeiro rumo a Paris em 31 de maio. A apresentação do relatório, em entrevista no aeroporto de Le Bourget, próximo a Paris, ficou a cargo de Alain Bouillard, chefe dos investigadores.

Segundo a BEA, os dados disponíveis e a análise dos 640 elementos já encontrados pelas equipes de busca mostram que o avião parece ter tocado a superfície da água no Oceano Atlântico ainda inteiro, em linha de voo, com forte aceleração vertical. A aeronave foi destruída pelo impacto com a água.

De acordo com Bouillard, ainda não há dados suficientes para precisar a velocidade com que o avião caiu.

Foi registrada uma forte deformação do assoalho do avião, de fora para cima. Na hora do impacto, o leme ainda estava fixado na estrutura do avião, segundo os investigadores. A análise dos destroços também não mostrou sinais de incêndio ou de explosivos.

O relatório também mostra que os coletes salvavidas encontrados entre os destroços não estavam inflados, o que indica que os passageiros não estavam preparados para uma tentativa de aterrissagem de emergência.

Caixas-pretas

A BEA também informou que as buscas acústicas pelas caixas-pretas do avião devem prosseguir até 10 de julho, em uma zona mais limitada que a varrida até agora. Depois dessa data, as buscas prosseguirão por mais um mês, por sondagem com sonar e veículos submarinos, feitas a partir do navio francês "Pourquoi pas?".

Bouillard afirmou que ainda tem esperança de encontrar os artefatos, que são essenciais para explicar o acidente, pois registram os diálogos da tripulação e os contatos automáticos e verbais entre o avião e os centros de controle de tráfego aéreo.

As caixas-pretas estão conectadas a balizas que emitem sinais de rádio e acústicos por pelo menos 30 dias (que venceram em 30 de junho no acidente do voo 447). Mas a BEA acredita que os sinais possam ter uma "sobrevida" após esse prazo.

Questionado por vários jornalistas, o investigador reiterou que ainda faltam muitas informações sobre o acidente -por exemplo, os dados das necrópsias dos corpos das 51 vítimas recuperados até agora, aos quais os investigadores franceses ainda não tiveram acesso.

Ele disse que a BEA ainda está "muito longe" de descobrir as causas da queda do Airbus e previu que a investigação ainda deve "ir longe". Segundo ele, essa investigação é um dos maiores desafios da agência.

Sensores de velocidade

Questionado sobre o papel no acidente do suposto defeito nos tubos de Pitot, sensores de velocidade do Airbus, Bouillard respondeu que eles foram apenas mais um elemento. "É um dos fatores, mas não é o único. É um elemento, mas não é a causa", disse.

Ele confirmou as informações anteriores de que os sensores fizeram leituras "incoerentes" da velocidade do Airbus.

Duas semanas depois do acidente, a Air France trocou todos os sensores de seus aviões Airbus A330 e A340 por modelos mais modernos, segundo o sindicato que representa os pilotos da empresa.

Contato

Bouillard também reiterou que a tripulação do voo 447 não emitiu nenhuma mensagem de socorro antes do acidente.

Segundo ele, o controle sobre o voo deveria ter passado dos controladores brasileiros para os de Senegal, mas isso não aconteceu. Os pilotos do voo 447 tentaram três vezes se conectar ao sistema de dados da capital do Senegal, Dacar, mas não conseguiram -aparentemente porque Dacar não havia recebido o plano de voo.

Segundo Bouillard, isso não é normal. Os investigadores também tentam descobrir por que se passaram seis horas desde que o avião desapareceu até que fosse declarada uma emergência.

A Força Aérea Brasileira (FAB) garantiu que a transferência Brasil-Dacar foi realizada e que as transcrições do procedimento foram inclusive enviadas ao BEA.

"O BEA fez uma intepretação preliminar de que talvez o Brasil não tivesse feito a passagem do controle aéreo para Dacar, mas isso foi feito sim", disse à Reuters por telefone o tenente-coronel Henry Munhoz, porta-voz da FAB.

"Temos a transcrição disso, que inclusive foi mandada ao BEA. Temos a informação de que Dacar recebeu essa transferência", acrescentou.

De acordo com o tenente-coronel, o alerta de emergência foi dado por Madri depois que controladores da Espanha perceberam que o avião não tinha entrado em seu espaço aéreo, como estava previsto. O avião tinha que passar por Dacar antes de chegar ao espaço espanhol. Airbus

Segundo os investigadores, apesar do acidente, não há dados disponíveis que indiquem a necessidade de manter a frota de aviões Airbus A330 no solo.

"A informação disponível hoje não indica nenhuma necessidade nesse sentido", disse Philip Swan, conselheiro do BEA, em entrevista coletiva.

"Eles já voaram 10 milhões de horas e há 600 deles voando", disse ele. "Para mim, não há nenhum problema", acrescentou Bouillard.

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