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A forma como foram localizados os destroços do Airbus da Air France no Oceano Atlântico seria indicativo de que não houve explosão durante o voo, segundo o comandante Hamilton Munhoz, que realiza voos de ensaio com aeronaves comerciais de grande porte.

A Marinha e a Aeronáutica encontraram os destroços em pelo menos quatro pontos e manchas de óleo e de combustível em uma faixa de 20 quilômetros no Oceano Atlântico. Isso aponta para a possibilidade de a aeronave ter atingido a velocidade do som, que é de 1.224 km/h, segundo o físico Claudio Furukawa, da Universidade de São Paulo (USP).

Para Munhoz, a localização de peças de grande porte e em poucos pontos do oceano indicam que a aeronave tenha caído em uma velocidade maior do que a de cruzeiro. Segundo ele, o Airbus pode atingir velocidade entre 800 km/h e 860 km/h. "Desta forma, a explosão é praticamente descartada, pois o óleo e o combustível do Airbus não seriam localizados."

Furukawa disse que fatores como a condição de vento e a aceleração da aeronave em cruzeiro podem influenciar no resultado final da velocudade da queda. "Se o avião caiu de bico, em poucos segundos já estaria na velocidade do som. Se o avião caiu da forma como faz os voos, na horizontal, o atrito maior com o ar aumentaria o tempo para atingir a velocidade do som."

A possibilidade de não ter havido explosão do Airbus durante o voo também foi minimizada por Nelson Jobim, Ministro da Defesa, durante coletiva na tarde desta quarta-feira (3). Segundo ele, ainda não é possível afirmar quais teriam sido as causas do acidente. "Os destroços são do avião. Isso não há mais dúvida", disse Jobim.

Despressurização

"Estamos muito longe de descobrir a verdade." Essa é a conclusão do pesquisador sênior da Coppe/UFRJ, doutor em situações emergenciais, Moacyr Duarte, sobre as causas do acidente no voo 447 da Air France.

Já Douglas Ferreira Machado, consultor aeronáutico e professor universitário da Estácio de Sá, acredita em uma "quantidade enorme de pequenas coisas podem ter derrubado o avião."

"Sabemos que houve pane elétrica e depressurização. Mas precisamos, no momento, descartar as histórias que podemos inventar e nos ater às que podemos deduzir", disse Duarte, lembrando não é possível ter a certeza de nada no momento. "Após o aparecimento dos destroços, pela sua concentração, parece que não foi uma explosão em altitude, porque espalharia mais destroços."

"A Air France sabe muito mais que isso, mas deve estar pesquisando ainda antes de falar. A Airbus (fabricante da aeronave) e a Air France têm condições de informar mais coisas", supõe Douglas Ferreira Machado. "Esclarecer esse acidente é importante para a Air Bus", completa Moacyr Duarte, lembrando também que não deve haver "divulgação espúria e vazamento de informação."

"Após o recolhimento de destroços; é possível interpretar os objetos, se são pequenos ou grandes, e junto com a velocidade e direção da corrente marítima, saber em que coordenada está o avião; em seguida, começa a busca submarina, com o sonar, detector de metais, receptor de sinal da caixa preta. Mas como o fundo do mar não é uma planície, mas uma serra dentro da água, o sinal pode ficar ‘preso’ dentro de uma reentrância da geografia", disse Duarte.

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