Fila para obter água em Palmares (PE): população aguarda auxílio do governo| Foto: Guga Matos/JC IMAGEM/AE

Liberação de verba é burocrática, diz ministro

O governo federal planeja enviar ao Congresso Nacional, em cerca de 45 dias, um novo marco regulatório para a liberação de recursos em casos de desastres naturais. De acordo com o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, o projeto está pronto, só passa agora por uma análise da Defesa Civil.

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"As ações de prevenção não são eficientes"

Com experiência em atendimento a tragédias, o professor Renato Eugênio de Lima, da UFPR, diz que a situação atual no Nordeste mostra que faltam ações de prevenção. Ele lembra que a mesma situação ocorreu em maio de 2009, quando morreram 57 pessoas em nove estados. "Isso é indicador que nossas ações de prevenção não estão sendo efetivas como poderiam e deveriam ser", afirma.

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A situação já é precária para a trabalhadora rural desempregada Taís Maria da Silva, 23 anos, que perdeu todos os bens e a casa simples onde morava, em União dos Palmares, cidade com 62 mil habitantes a 80 km de Maceió (AL), uma das mais atingidas pelas enchentes. Só que a falta de ajuda tem tornado a situação ainda pior. No ginásio que serve de abrigo, Taís tem dormido no chão com os filhos de 2 e 7 anos, protegida apenas por um lençol. "Fazer o quê? Eu não tenho para onde ir", lamenta. Ontem, o número de mortos na tragédia nordestina subiu para 41 com a localização de mais três corpos em Branquinha, município vizinho a União dos Palmares.

Desabrigados reclamam da falta de colchões, cobertores, roupas, alimentos e água. Taís elenca outro item essencial: fralda descartável para a filha de 2 anos. O fornecimento de água não foi restabelecido e os banheiros dos abrigos estão com mau cheiro. À noite, um carro-pipa vai até a cidade. "Dá para tomar banho. A gente pega um balde de água, faz um furo e toma banho", conta. Na cidade de Palmares, em Pernambuco, moradores fizeram fila ontem para pegar água depois de passar mais uma noite às escuras.

Dinheiro

Ontem, o governo federal liberou R$ 25 milhões para Per­nambuco e R$ 25 milhões para Alagoas, os estados atingidos pelas chuvas. Outras duas parcelas de R$ 25 milhões deverão ser liberadas, totalizando um montante de R$ 100 milhões. De acordo com o governo, a segunda parcela será transferida apenas após os estados entregarem seus relatórios de Defesa Civil, o que pode levar um mês.

De acordo com a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, os recursos emergenciais serão usados para a compra de água potável, comida e locação de máquinas. Erenice informou ainda que tendas do Exército serão montadas, já que em algumas cidades não há sequer escolas ou ginásios para atender aos desabrigados. Tam­bém estão sendo levadas pontes móveis para os lugares que ficaram isolados.

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Danilo da Silva, 16 anos, morador de União dos Palmares, diz que toda essa ajuda ainda não chegou. "Estamos com sede. Comida não trazem. Quem traz é o povo que mora onde as águas não chegaram", diz. "Tem que comer pouquinho para deixar para outra pessoa. Senão não tem." Segundo o jovem, agentes passaram no abrigo fazendo cadastros para a entrega de donativos, mas, por enquanto, a ajuda que chega é da parte de voluntários.

Uma destas voluntárias é Ana Carla Alves, 25 anos, atendente de telemarketing de Maceió. Ela conta que os desabrigados estão "praticamente sem nada". O jornalista Ivan Nunes, 49 anos, morador de União dos Palmares, diz que há doações isoladas de setores da sociedade. "Não estão passando fome porque no Nordeste existe uma solidariedade forte."

Como ajudar?

A Caixa Econômica Federal abriu uma conta em nome do Corpo de Bombeiros de Alagoas. O depósito pode ser feito na conta-corrente 955-6, agência 2735 e operação 006 nos bancos ou ainda nas casas lotéricas. Outra conta disponível é do Banco do Brasil: conta-corrente 5241-8 na agência 3557-2.

Com relação a donativos, as campanhas estão sendo feitas em Alagoas. Porém, há estados que estão enviando doações. Rio Grande do Sul e São Paulo enviaram 21 toneladas de alimentos, cobertores e roupas a Alagoas. A Defesa Civil do Paraná informa que ainda não foi solicitada ajuda.

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