Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
nordeste

Alagoas vive surto de diarreia

Os sintomas da tragédia provocada pelo temporal no Nordeste começam a aparecer. Segundo a superintendente de vigilância em saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, Sandra Canuto, houve aumento de casos de diarreia, principalmente entre as crianças. Outra preocupação é com a escalada dos casos de dengue, já que o estado vinha registrando surto da doença.

As escolas e prédios públicos cedidos para abrigar famílias que perderam as casas em Alagoas se transformaram em favelas de teto único. Nelas, centenas de pessoas convivem em um mesmo espaço com higiene precária, falta de segurança e sob risco de epidemias.

Na maioria dos abrigos, a situação é crítica. Em algumas salas de aula, mais de dez famílias dividem o espaço. Colchões são colocados lado a lado no chão. O calor é grande, e o cheiro, nauseante.

Está previsto para ser instalado hoje o segundo hospital de campanha em Alagoas, no município de Branquinha, onde nenhum prédio público do centro da cidade ficou de pé. No primeiro hospital de campanha instalado em Santana do Mundaú foram feitos 345 atendimentos em três dias. A estrutura consegue atender até 500 pessoas diariamente. "Esta­mos dentro da capacidade de atendimento", diz o coordenador do hospital, Edson Gonçalves, major médico do Corpo de Bom­beiros do Rio de Janeiro.

Os casos que chegam até o hospital de campanha são variados. Segundo Gonçalves, até agora, os atendimentos mais graves foram a oito pacientes que precisaram ser transferidos – casos de infecção pulmonar, gastrointerite, lesões ortopédicas traumáticas e suspeita de leptospirose.

A leptospirose está entre as principais preocupações do setor de saúde. Os sintomas da doença levam em média 14 dias para aparecerem e, por enquanto, há somente casos suspeitos. A tragédia no Nordeste aconteceu em 18 de junho e os casos podem surgir nos próximos dias.

A superintendência da Secre­ta­ria da Saúde de Alagoas diz que não há falta de medicamentos. As dificuldades são com a quantidade de lixo nas cidades atingidas e a falta de água nos primeiros dias após a tragédia. Muitos desabrigados levaram seus animais para os alojamentos e falta limpeza em alguns abrigos, principalmente nos banheiros. Para diminuir parte do problema, a Secretaria de Saúde instalará em breve banheiros químicos para que as vítimas usem.

Dengue

Devido o acúmulo de água e lixo, a incidência de dengue pode au­­men­­tar em Alagoas. A superintendente explica que, antes da tragédia, a média era de 300 casos por 100 mil habitantes e 40 municípios estavam em situação de epidemia. Na relação estão cidades atingidas pelo temporal, como Rio Largo, na região metropolitana de Maceió.

Segundo a coordenadora de gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Rio Largo, Janine Westphalen Ardenghi, neste ano foram confirmados 1,5 mil casos da doença na cidade e quatro mortes. "A tendência vai ser piorar", diz. Agentes de saúde do município e de outros estados estão fazendo visitas às casas e abrigos para orientar a população com relação a essa e outras doenças.

Sem água

Para piorar a situação, alguns ca­­mi­­nhões-pipa estavam levando água sem cloro, conta Sandra. Sem o tratamento, o consumidor fica sujeito a doenças e a bactérias que provocam infecção intestinal. Seis municípios de Alagoas continuam sem água (Branqui­nha, Murici, Capela, Rio Largo, Palmeira dos Índios e Santana do Mundaú) e o abastecimento é feito por caminhões.

Com os R$ 25 milhões recebidos pelo governo federal, a primeira medida da Defesa Civil Estadual foi comprar 5 mil caixas de água, entregues no sábado nas seis cidades. Uma nova distribuição de água será feita amanhã aos outros municípios afetados.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.