O álcool é a droga mais consumida entre os jovens de Curitiba, revela o 5.º Levantamento Nacional sobre Consumo de Drogas entre Estudantes nas 27 Capitais Brasileiras, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). A pesquisa, segundo reportagem de Tatiana Duarte da Gazeta do Povo desta quinta-feira, mostra ainda que 19,9% dos jovens que já fizeram uso de bebidas alcoólicas desenvolveram dependência da substância. O estudo foi realizado no ano passado com 1.823 estudantes matriculados nas redes de ensino municipal e estadual.
O levantamento revela também que as meninas são maioria entre os jovens que fizeram uso de alcool ao menos uma vez na vida. Os números mostram ainda que o consumo está começando cada vez mais cedo em 47,8% dos casos, a "primeira vez" aconteceu entre os 10 e 12 anos de idade. A Gazeta do Povo teve acesso aos dados extra-oficialmente, por meio da Coordenadoria Estadual Antidrogas (CEAD), órgão da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (SEJU).
Descontrole
Cleuza Canan, que está à frente da CEAD, ressalta o dado mais alarmante da pesquisa: a maioria dos adolescentes começa a beber dentro de casa, junto com o pai ou com a mãe. "O álcool é uma droga nociva, que as crianças e os adolescentes estão consumindo porque há adultos permitindo isto", afirma. A fórmula da dependência, para ela, tem origem na falta de atenção por parte da família e também dos órgãos públicos, falhos na fiscalização sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. "Há um descontrole total sobre as crianças, tanto pela falta de monitoramento por parte da família, que permite até que elas bebam e acham que a espuminha da cerveja não vai fazer mal nenhum, como pela falta de fiscalização por parte do poder público", avalia a coordenadora estadual.
Para combater o problema, o CEAD aposta em prevenção. Ontem foi feito o lançamento oficial do cartão telefônico da Brasil Telecom que vai circular no Paraná com a inscrição: "A droga mais consumida por crianças e adolescentes é a bebida alcoólica." O cartão ainda leva o tema "Quem ama cuida e se cuida", usado na abertura da 10.ª Semana Estadual de Prevenção ao Uso Indevido de Drogas (Previda), que ocorreu em junho.
Sociedade
O secretário da Justiça e da Cidadania, Aldo Parzianello, afirma que o combate ao alcoolismo integra as políticas públicas do governo do estado para a prevenção de drogas lícitas e ilícitas. Na terça-feira, a SEJU divulgou que vai buscar meios de restringir a propaganda de bebidas alcoólicas em todo o estado. Ontem, Parzianello disse que esta luta não pode ser feita sem o apoio da comunidade. "É um apelo que eu faço. Porque quem sente o grande prejuízo, quem sente os transtornos causados pela dependência do álcool ou de outra droga é o lar. O estado é um articulador, mas quem faz acontecer é a própria sociedade". O secretário pede que as pessoas denunciem os estabelecimentos que vendem bebidas alcóolicas a crianças e adolescentes, pelo telefone 181. Não é preciso se identificar.
Aliado
A batalha contra as drogas ganhou ontem um outro aliado. Um termo de comodato para trazer uma biblioteca itinerante antidrogas a Curitiba foi assinado entre a Seju, a Cead e a Associação Parceria Contra Drogas (APCD). Por meio do termo, a Secretaria recebeu, sem ônus, o Centro de Informações Curitiba sem Drogas. Trata-se de um estande projetado parta acomodar televisor, videocassete, computador, livros e fitas sobre prevenção ao uso de entorpecentes. Funciona como uma biblioteca itinerante, utilizada em eventos e campanhas antidrogas.
Desde 2004, são 20 estandes deste tipo, que circulam em 16 cidades do país. O custo de cada um deles é de R$ 25 mil. O equipamento que vai funcionar em Curitiba foi patrocinado pela Brasil Telecom. Este é o primeiro Centro de Informações que o estado do Paraná está recebendo e as comunidades dos municípios de Cascavel e Londrina também estão solicitando a aquisição do equipamento. "Todos os dias recebemos ligações de pais com filhos que usam drogas pedindo o Centro de Informações para estas cidades", conta Marilyn Tetton, da Associação Parceria Contra Drogas.
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