Genebra A Arena Box Promotion, agência alemã que teria tentado levar os boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara do Brasil para atuar na Europa, criticou ontem o governo brasileiro e assegurou que os dois só aceitaram voltar para seu país porque o governo de Cuba ameaçou suas famílias.
"Os passaportes de alguns membros das famílias dos atletas foram levados, os carros foram tirados de seu poder e ainda alguns chegaram a ficar algumas horas detidos", afirmou o porta-voz da agência, Malte Muller-Michaelis. "Ao ouvirem isso, ainda no Rio, os atletas mudaram de idéia e decidiram voltar para Cuba. Mas sabiam que suas carreiras estavam acabadas. Nunca mais os dois serão boxeadores."
Muller-Michaelis disse que Rigondeaux e Lara já tinham assinado um contrato nos Jogos Olímpicos de Atenas. "O público precisa saber que eles já haviam assinado um contrato e usariam a primeira oportunidade que teriam para escapar. E isso finalmente surgiu no Rio."
Segundo ele, foram os atletas que ligaram para a agência. "Os cubanos deixaram a Vila Olímpica e nos ligaram", disse. "No Rio assinaram um novo acordo conosco e estávamos apenas esperando que os vistos de trabalho na Alemanha pudessem ser preparados para que se tornassem lutadores profissionais."
Sobre o governo brasileiro, a agência de promoção de lutas não poupa críticas. "O Brasil terá de se explicar e precisa ser questionado", atacou Muller-Michaelis. "O governo diz que não os deportou e ofereceu asilo. Mas é a versão oficial. Depois que os atletas foram presos não conseguimos mais entrar em contato e não sabemos o que foi de fato dito. O que nos disseram é que eles não queriam mais falar conosco, mas não sabemos sequer se isso é verdade."
Já o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que vai confirmar ao Senado que os boxeadores voltaram a Havana porque quiseram e não porque foram deportados. "Foi isso o que ocorreu, e é essa explicação que eu vou dar, mostrando toda a documentação", reiterou.