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Voluntários que moram na Alemanha, França e Brasil realizaram uma live pelas redes sociais na noite desta quinta-feira (8) com o objetivo de divulgar uma campanha internacional de ajuda humanitária às famílias dos presos do 8/1. A iniciativa já adotou 40 famílias e está em busca de padrinhos para ajudar, pelo menos, outros 25 casos que seguem na fila de espera.
“São pessoas que tinham emprego e estabilidade, mas foram empobrecidas em todos os níveis e agora enfrentam problemas financeiros, emocionais, espirituais e físicos”, afirma a administradora de empresas Samia Sittel-Faraj, responsável por um dos movimentos que aderiu à ação: a Liga Conservadora Brasil-Alemanha.
Em entrevista à Gazeta do Povo, ela conta que as redes sociais do movimento alcançam conservadores de dentro e fora do Brasil por meio de informações sobre política traduzidas para o inglês e o alemão. “Então, nosso público é internacional”, explica a empresária, que divulga informações a respeito dos presos do 8 de janeiro e percebe como essas pessoas precisam de ajuda.
“Eles estão com as contas bloqueadas, e muitos não têm nem como comprar comida ou pagar uma conta de luz”, afirma a empresária, que mora há 18 anos na Alemanha e decidiu unir forças com seus seguidores nas redes e com um movimento semelhante, na França. “Começamos antes do Natal e fomos fazendo a ponte entre famílias que precisavam de ajuda e voluntários que queriam ajudar”, relata a colaboradora da campanha, Aurea Rocha.
Moradora da capital francesa, Paris, ela é responsável pela página do Movimento Franco Brasileiro e começou a divulgar casos de presos do 8/1 que estavam com doenças emocionais, tinham pagamentos pendentes e precisavam de amparo. “E o feedback tem sido maravilhoso”, relata. “Teve uma pessoa, por exemplo, que adotou o patriota e me mandou áudio falando que eles conversam o dia inteiro pelo WhatsApp e rezam juntos”.
Como é a seleção das famílias atendidas
Para localizar esses presos do 8/1 que precisam de auxílio, uma triagem tem sido realizada pela advogada Tanieli Telles — que chegou a atender quase 180 casos do 8/1 — e também pela jornalista Ana Maria Cemin, que acompanha as histórias desde o início de 2023, selecionando as mais urgentes.
Entre os casos indicados para “adoção” está o do gaúcho Gilberto da Silva Ferreira, que continua preso na cidade de Canoas enquanto a esposa precisa de recursos para cuidar da filha e do sogro, que acabou de sofrer um AVC. “Esse senhor está quase um ano sem ver o filho, tem sofrido muito, e a família precisa de ajuda”, informa Ana Cemin.
Outra situação é do casal Nelci Guimarães da Rosa Santiago e Marcio José Santiago, com três filhos. “Ele é pedreiro, e ela está trabalhando com o esposo como servente de pedreiro para sustentar a família e tentar pagar o aluguel”, relata a advogada Tanieli, ao citar ainda a história de um idoso de 68 anos. “O Seu Jessé foi preso depois de passar por um procedimento cirúrgico, ficou quase oito meses sem tratamento médico, e agora precisa de ajuda mensal com cesta básica e medicação”.
Há ainda pessoas com parcelas atrasadas da casa que precisam quitar a dívida para não perder o imóvel, e outros que buscam condições para se reerguer, como "um ex-palhaço que não pode mais trabalhar nessa profissão devido às restrições da tornozeleira eletrônica”, conta Tanieli, ao informar que o homem sabe cortar cabelos e decidiu arrumar um espacinho da casa para receber clientes. “Só que ele precisa trocar o piso e outras coisinhas no local, então estamos procurando quem o adote para isso”.
Como se tornar um padrinho da campanha “Adote um Patriota”
De acordo com a coordenadora da campanha, Samia Sittel-Faraj, qualquer pessoa pode colaborar, adotando uma família que precisa. Para isso, basta enviar e-mail para o endereço eletrônico adoteumafamiliadepatriotas@gmail.com citando a quantia que pode ser doada mensalmente. “A partir disso, faremos a ponte entre esse voluntário e a família”, explica, pontuando que as doações são realizadas diretamente ao adotado.
“E essas pessoas precisam muito, então esperamos que você estenda a mão e possa dar o abraço humanitário que elas tanto precisam”, convida Samia. Afinal, “para nós, que moramos fora, é muito importante sentir que podemos fazer parte da história dos patriotas”, finaliza.
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