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Praga urbana

Alimentar pombos eleva risco de doenças

Luiz Batista alimenta pombos na Praça Rui Barbosa, centro de Curitiba | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Luiz Batista alimenta pombos na Praça Rui Barbosa, centro de Curitiba (Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo)

A infestação de piolhos de pombos que interditou por 8 horas a ala de internamentos do Hospital Cajuru na última sexta-feira, forçando a transferência de 18 pacientes para outras alas, demonstra o transtorno que a proliferação dessas aves pode causar. De acordo com veterinários, o extermínio não soluciona o problema. A solução é não criar condições para que os pombos se procriem, o que não é feito pela maior parte da população.

O eletricista Luiz Batista, de 41 anos, até sabe que o pombo transmite doenças ao homem – no total são cinco (ver quadro ao lado). Um amigo dele, inclusive, teve uma doença de pele transmitida pela ave. O que ele não sabe é que ao alimentar aves nas praças, como fazia ontem à tarde na Rui Barbosa com um pacotinho de milho, contribui para a proliferação do animal. "Não sabia que é errado dar comida aos pombos. Mas acho bonito ver o bichinho correndo para pegar a comida. Também tenho dó, já que eles estão com fome", comenta.

Risco

Segundo o veterinário Paulo Guerra, presidente da Comissão de Zoonoses e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), o pensamento de Batista, comum a muitas pessoas, é errado. "Quanto maior a oferta de alimento, mais os pombos se proliferam, trazendo mais riscos de doenças", aponta.

Guerra ressalta que para reduzir a população de pombos de uma determinada área, deve-se combater quatro "As": alimento, água, abrigo e acesso. "Sem essas condições, os pombos têm que buscar outras áreas para sobreviver, fazendo um controle natural da sua população", ressalta.

Em condições ideais, um casal de pombos (o animal é monogâmico) pode se reproduzir de três a cinco vezes por ano, com dois ovos cada vez. Além disso, com seis meses o pombo já é ativo sexualmente. Ou seja, um único casal de pombos pode gerar de 12 a 18 descendentes por ano.

Extermínio

A também veterinária Carla Molento, professora de Comportamento e Bem-Estar Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que, ao contrário do que as pessoas acreditam, o extermínio não soluciona o problema dos pombos. Pelo contrário. Poucos meses após o extermínio, a população de pombos tende a aumentar no mesmo local.

Conforme explica Carla, se apenas uma parte for exterminada, a oferta de alimentos por animal cresce. "Serão menos indivíduos para disputar alimento e água", aponta. Além disso, os pombos que migrarem para essa região também terão mais chances de sobreviver. "É como vaga em quartos de hotel: sai um, entra outro. Por isso é fundamental impedir as condições de o pombo se manter e se procriar naquele local", ressalta.

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