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REVOLTA DA TARIFA

Alta da passagem foi estopim para as insatisfações

Ato em defesa dos protestos em Foz: manifestantes querem que direitos sejam respeitados | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Ato em defesa dos protestos em Foz: manifestantes querem que direitos sejam respeitados (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)
Jovens estudantes ganharam ontem as ruas de Curitiba |

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Jovens estudantes ganharam ontem as ruas de Curitiba

Já não se trata de reivindicar apenas a redução da tarifa do transporte coletivo. A série de manifestações país afora – e que foi replicada até no exterior – teve sua agenda temática ampliada desde a última semana. Palavras de ordem contra a corrupção, a política em geral, a realização da Copa do Mundo e a repressão policial ganharam a boca dos que foram às ruas. Tudo amalgamado pelas mídias sociais.

"O estopim foi a questão do preço da passagem. Mas, por detrás de tudo isso, está a vontade da população de participar diretamente da tomada de decisões. A sociedade não está se sentindo representada. Assim, existe o sentimento de que não basta participar a cada quatro anos, nas eleições", avalia o cientista político Pedro Fassoni Arruda, professor da PUC-SP e doutor em Ciências Políticas.

Para os especialistas, um ingrediente foi determinante para a sensibilização da opinião pública: a truculência da Polícia Militar (PM) ao reprimir manifestantes, principalmente em São Paulo e no Rio. Quase em tempo real, fotos que retratavam o excesso policial pipocaram nas mídias sociais. Mostravam rostos sangrando, bombas explodindo e manifestantes ajoelhados.

"Isso gerou uma grande onda de solidariedade democrática e agregou pessoas por outros motivos. O movimento passou a ter inúmeras bandeiras e interesses. É curioso notar que o movimento se ampliou e passou a ter múltiplas lideranças", observa o cientista político Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC paulista.

Pela rede

A mobilização em nível nacional também evidencia o poder da internet como catalisador das manifestações. Pelo Facebook, 177 cidades no Brasil e 44 no exterior planejaram seus atos. Além dessa articulação, o compartilhamento de vídeos e fotos feitos pelos próprios ativistas rompeu o que os especialistas chamam de "bloqueio midiático".

"Essa difusão rápida de informações aumenta a capacidade de mobilização. É um dos responsáveis pelo movimento adquirir contornos de evento de massa", opina o cientista político Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná.

Apesar de ainda não haver clareza quanto aos resultados do movimento, os cientistas políticos cravam que a onda de protestos já pode ser considerada histórica e que demonstram que a sociedade está se dando conta do poder de sua mobilização. "Isso pode demonstrar o esgotamento político e principalmente do discurso dos governos, das repostas que eles têm dado. Parece-me que a sociedade está mais pronta a cobrar", diz o cientista político Valeriano Mendes Ferreira Costa, professor da Unicamp.

"Uma coisa é certa: as manifestações têm mostrado a capacidade de reação da sociedade. Não sabemos onde isso vai dar, mas as pessoas perceberam a força que têm", finalizou Sérgio Amadeu.

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