Falta de transparência. Desequilíbrio financeiro. Deterioração da qualidade. Esses são apenas três dos problemas apontados nos transportes coletivos de Curitiba e da região metropolitana, cada um ao seu modo. Apesar de desencadeados a partir da concessão do setor em 2011, concluída por Luciano Ducci (PSB), eles certamente serão apontados por adversários políticos de Gustavo Fruet como frutos da atual gestão.
Por contrato, Fruet tem de revisar a tarifa técnica todo dia 26 de fevereiro – mesmo mês em que os empresários reajustam os salários dos motoristas e cobradores. Como a folha salarial, benefícios e encargos sociais correspondem a 48% do custo do setor, esses reajustes fatalmente pressionam a revisão do quanto a prefeitura passará a repassar às empresas.
Na tentativa de evitar o impacto do reajuste da tarifa do transporte no ânimo dos eleitores, prefeitos costumam evitar aumentar tarifa próximo das eleições. Beto Richa, por exemplo, ficou quase dois anos sem reajustar a tarifa antes de eleger seu sucessor. Mas Fruet não deverá ter a mesma oportunidade. Com a crise e o aumento substancial de custos, é improvável que o atual prefeito banque sozinho essa conta. Mais provável é que reparta essa conta com os passageiros de ônibus.
E, para piorar esse cenário, o prefeito ainda viu um dos seus prováveis rivais nas eleições de outubro se aproximar dos empresários do setor. No ano passado, Ratinho Júnior (PSC) participou da cerimônia no Palácio Iguaçu que oficializou o início da gestão da bilhetagem pela Metrocard. Sob fiscalização da Comec, órgão vinculado ao secretário do Desenvolvimento Urbano, a associação formada pelas empresas agora gere a bilhetagem de 30% da Rede Integrada de Transportes.
Com o sistema financeiro da RIT desintegrado, o passageiro metropolitano percebeu a greve desta semana apenas quando pisou em Curitiba. Com exceção de Araucária, alimentadores e linhas diretas dos municípios vizinhos da capital funcionaram normalmente. E a Comec ainda viu uma oportunidade para ampliar sua cobertura ao estender os itinerários de linhas de Colombo, Almirante Tamandaré e Fazenda Rio Grande até mais próximo do centro de Curitiba. Em nota na terça-feira (12), a prefeitura de Curitiba disse estranhar que as empresas tenham deixado de pagar somente funcionários das linhas urbanas.
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