O excesso de velocidade corresponde a 41% das 731.955 notificações de trânsito aplicadas em Curitiba pelos agentes da Secretaria Municipal de Transito (Setran) em 2013. Essa imprudência do motorista curitibano encabeça uma lista, divulgada pelo município, dos dez principais motivos que levam o agente a aplicar a punição. Do total de notificações, 76% viraram multas após passarem por recursos dos motoristas.
O dado revela uma certa resistência dos condutores em manter o velocímetro compatível com a pista. Para Iara Thielen, psicóloga do Núcleo de Psicologia do Trânsito da UFPR, o número de infrações apresentadas pela Setran é referente às mais fiscalizadas. Portanto não significa necessariamente que são as mais recorrentes. Apesar da ressalva, ela acredita que a recusa em mudar de comportamento está diretamente ligada à fuga de responsabilidade sobre a infração.
"O motorista nunca admite que seu comportamento seja parte do problema", diz a psicóloga. De acordo com ela, é preciso que os condutores admitam a culpa e comecem a mudar. Iara explica que a atitude do infrator é uma consequência da educação de trânsito com falhas. Neste caso, ela defende as punições.
Entre as dez infrações mais registradas estão duas que representam a alta velocidade. A campeã é a "transitar em velocidade 20% maior que a máxima permitida". A oitava colocada é "transitar em velocidade entre 20% e 50% superior a máxima permitida". O total das duas somadas representa a porcentagem de 41%.
Na avaliação de Iara, é fundamental que o poder público, junto com a sociedade, atue em várias frentes. Além das campanhas, aumentar a fiscalização e trabalhos mais específicos com grupos é fundamental para transformar o comportamento do motorista.
Queda
As notificações aplicadas pelos policiais militares do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) diminuíram 32,8% entre 2012 e 2013 em Curitiba. A unidade encerrou ano passado com 44.052 notificações, enquanto que no ano anterior havia registrado 65.618. As notificações da PM e da Setran são feitas de forma separada até porque a polícia é órgão fiscalizador do estado e a secretaria, da cidade.
Colaborou Adriana Czelusniak