Aulas mais expositivas, ainda durante o ensino médio, que coloquem o aluno em contato com sua futura profissão, e principalmente que tirem dúvidas sobre aptidões e perfis que o curso e o mercado irão cobrar mais tarde. Para educadores, esses são alguns dos segredos para evitar o famoso bordão "não me identifiquei com o curso", uma das principais razões apresentadas por quem disse adeus à universidade antes do tempo.
O caso do ex-estudante de Jornalismo da UFPR Sávio Brito, 23 anos, que abandonou o curso no segundo ano, em 2007, ilustra bem o que pregam os educadores Brasil afora. Durante o ensino médio, em um colégio particular de Curitiba, ele conta que não teve qualquer contato com a profissão ou com conteúdos que seriam ensinados durante a faculdade.
"No colégio, nunca realizaram uma feira de profissões que pudesse me esclarecer melhor sobre o curso e a profissão. Na hora da inscrição para o vestibular, acabei indo por impulso e porque gostava muito de redação." Já no segundo ano, ao ter contato com uma disciplina prática, onde escreveria para o jornal laboratório do curso, Sávio desistiu. "Vi, por exemplo, que não gostava de entrevistar e que isso não era para mim."
A decisão de abandonar o curso não foi fácil. Mas, decisão tomada, Sávio prestou novo vestibular e foi aprovado em Administração, também na Federal. Pouco depois, teve de abandonar o curso para se dedicar à preparação para concursos públicos.
Retornar à universidade também é o sonho de Elias Bomfim, que há dois anos trancou o curso de Relações Públicas na UniBrasil, por não conseguir pagar a mensalidade. Antes do atual curso, Bomfim chegou a cursar Ciência da Computação na PUCPR, mas desistiu por falta de dinheiro e identificação. "Eu ganhava R$ 550 e a mensalidade era de R$ 643. Também não é fácil escolher o que você vai fazer para o resto da vida aos 17 anos. Depois, eu percebi que preferia a área de Comunicação".
Ao transferir o curso para a UniBrasil, já em Relação Públicas, as despesas com xerox e transporte fizeram com que Bomfim, que também é coordenador de um cursinho solidário, parasse em 2006 e novamente em 2008. "É até uma ironia, porque eu trabalho para colocar as pessoas na universidade, mas até agora não consegui terminar o meu curso. Difícil não é entrar, mas permanecer e sair no tempo certo", lamenta ele, que já deve mais de R$ 4 mil à universidade.
Para Bomfim, uma solução seria acompanhar os alunos, principalmente os mais carentes, e ofertar bolsas. "Não há um acompanhamento para saber quem é esse aluno, principalmente por parte dos professores. Eu sempre fui bom aluno, não deveria estar fora da faculdade."
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